quinta-feira, 29 de maio de 2014

A Companhia de Estranhos

















Autor: Robert Wilson
Editora: Publicações Dom Quixote
Páginas: 529
ISBN:  9789722037303

Sinopse:
Lisboa, 1944. No calor tórrido do Verão, as ruas da capital fervilham de espiões e informadores, enquanto os serviços secretos disputam em silêncio a última partida. Os alemães dominam a tecnologia dos foguetões e a pesquisa atómica. Os aliados estão decididos a impedir que a ameaça da «arma secreta» venha a concretizar-se.

Andrea Aspinall, matemática e espia, entra nesse mundo sofisticado pela mão de uma abastada família do Estoril. Karl Voss, adido militar da Legação Alemã, abalado pela implicação no assassinato de um Reichsminister e traumatizado pelo desastre de Estalinegrado, chega a Portugal com a missão de salvar a Alemanha do aniquilamento. Na tranquilidade mortal de um paraíso corrupto, Andrea e Voss encontram-se e tentam viver o seu amor num mundo em que não se pode acreditar em ninguém. Depois de uma noite de terrível violência, Andrea fica na posse de um segredo que vai ligá-la para sempre ao mundo clandestino, do repressivo regime fascista português à paranóia da Guerra Fria na Alemanha. E aí, numa Berlim gelada, descobre que os maiores segredos não estão nas mãos dos governos, mas em mãos muito próximas de si, e é forçada a fazer a derradeira e dilacerante opção.

Opinião:
Depois de 5 livros que li deste autor e que me agradaram particularmente, nomeadamente a tetralogia Javier Falcón e o "Último Acto em Lisboa", adquiri e parti para a leitura deste livro com expectativas altas. Fiquei decepcionado.
 
De positivo tenho de referir que o estilo e a escrita de Robert Wilson, que cativam nos restantes livros, encontram-se nesta obra. É um estilo que não é fácil, por vezes obriga-nos a uma atenção redobrada e a releituras mas é bom, eu gosto da sua complexidade. A tetralogia de Javier Falcón é assim, complexa, brutal, enfim diferente e por isso bastante aconselhável.
 
Quanto a este livro, para além do falado anteriormente tem também a vantagem de ser passado, numa grande parte em Portugal. Para quem não sabe o autor vive no nosso país e com isso temos um roteiro bastante fiel da cidade de Lisboa e da sua periferia. Como o autor tem uma necessidade característica de situar no tempo e no espaço, com enorme detalhe, cada inicio de capítulo, percorremos os vários locais onde decorre a acção do livro como que com um GPS na mão.
 
Mas o grande problema é o argumento que me parece extremamente fraco. É um livro que se inicia em 1940 e vai terminar no ano de 1991. Segue duas personagens ao longo desses anos, a Inglesa Andrea Aspinall e o Alemão Karl Voss que vão vivendo um amor altamente dramático ao longo das suas páginas. Uma paixão platónica, um amor lamechas e impossível com duas personagens que se contradizem constantemente ao longo do livro, nas variadas relações que vão tendo.
 
É um livro sobre espionagem em que todas, sim todas, as personagens são espiões. É uma obra sobre a 2ª Guerra Mundial, o regime de Salazar, a Guerra Colonial, a Guerra Fria e a queda do Muro de Berlim. Sobre tanta coisa que se perde. Tem partes sem qualquer interesse e hiatos temporais que não ajudam na estrutura da obra, mas também tem momentos muito interessantes e poderosos, como por exemplo o reencontro entre Andrea e a mãe ou o desenrolar do caso dos diamantes de Lisboa.
 
Quanto às personagens, Voss agradou-me pela sua luta interna por questões familiares e pelo aspecto misterioso que vai ganhando. Andrea não me cativou por aí além, é como digo algo ambígua nos comportamentos o que enfraquece a personagem. Há outras personagens interessantes como Mafalda mas o resto são personagens de passagem, algo planas.
 
Em suma fiquei desiludido, esperava muito mais de um autor que já me tinha conquistado no passado, o que me deixa um pouco de pé atrás quando às suas novas obras.
 
Nota (escala 1 a 10): 5
TheKhan

1 comentário:

  1. Viva,

    Por acaso é um tipo de livro que tenho lido pouco, espionagem, mas gosto bastante e mesmo percebendo que não estamos na presença do melhor livro do escritor é um escritor a ter em conta em especial a tetralogia Javier Falcón.

    Vou investigar :)

    Abraço e boas leituras

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