sábado, 29 de agosto de 2015

O Homem que Sonhava ser Hitler

















Autor: Tiago Rebelo
Editora: Asa
ISBN: 978-989-23-0741-1
Nº de Páginas: 470

Sinopse:
No pátio das traseiras de um prédio de um pacífico bairro de Lisboa, uma criança é atacada por três homens e deixada em coma. Ao investigar o que inicialmente se supõe ser um mero acto de cobardia de um grupo de cabeças-rapadas que resultou em tragédia, as autoridades vão descobrir uma gigantesca conspiração que prova que, nunca como hoje, a democracia e o estado de direito estiveram tão ameaçados em Portugal. Neste surpreendente romance, Tiago Rebelo abre-nos a porta dos fundos do lado mais obscuro da política nacional dos nossos dias, onde nada é o que parece ser e onde se desenrolam acontecimentos extraordinários que colocam em perigo toda a sociedade, sem que esta se aperceba do que está realmente a acontecer. O inspector-chefe, António Gaspar, da Polícia Judiciária, leva a cabo uma investigação, que, a cada passo, ameaça a sua vida e a da mulher que ama, a ex-namorada que ele procura recuperar no desvario dos dias perigosos que põem em risco a nação.

Opinião:
Já há algum tempo que tinha curiosidade de ler um livro deste autor português. Problema era que nenhum dos enredos dos seus livros me entusiasmava realmente. Com "O Homem que Sonhava ser Hitler" o autor entrou por um estilo que me agrada, até porque já no passado li policiais de autores nacionais que, apesar de não serem de uma forma geral fabulosos, entretiveram-me o suficiente para me agradar.

Este é um daqueles livros que nos agarra logo mal começa. As descrições inicias estão carregadas com um nível de dramatismo que nos "obrigam" a querer avançar para sabermos mais. Depois vão sendo apresentadas as personagens principais, muito aos poucos, e estas que não são muitas, acabam por ser marcantes, o leitor identifica-as e é marcado pelas suas acções.

Enquanto o livro vai evoluindo vai aos poucos perdendo algum ritmo, isto prende-se com a necessidade de aprofundar o passado das personagens, o que leva a um maior entendimento dos seus actos. Não que diminua o interesse, apenas reduz um pouco o ritmo de leitura.

Esta obra acaba por cair naquele que me parece um dos temas mais recorrentes da literatura nórdica, que muito está na moda desde o Millenium de Stieg Larsson, o policial que assenta num "herói" carismático e tem como "maus da fita" elementos da extrema direita. Onde é que este livro acaba por se destacar? Na descrição de Portugal, da sociedade e acontecimentos que retratam os anos do início da crise que estamos ainda a atravessar. É aquele prazer de conseguirmos identificar as referências que ao autor vai dando, aquela sensação de sabermos ao pormenor aquilo que ele está a retratar.

Em resumo foi um livro que me agradou, de uma leitura fácil, descomplexada, com capítulos bastante curtos o que ajuda bastante a um ritmo de leitura elevado, apenas tenho a apontar que achei o final um pouco apressado, acho que merecia mais desenvolvimento. O caso foi parecendo demasiado complexo para a rapidez como foi resolvido e explicado.

Para aqueles que têm o complexo dos autores portugueses contemporâneos, é um livro interessante para pegarem.

Nota (escala 1 a 10): 7
TheKhan

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Dei-te o Melhor de Mim



















Autor: Nicholas Sparks
Colecção: Grandes Narrativas
Editora: Editorial Presença
ISBN: 978-972-23-4704-4
Nº de Páginas: 304

Sinopse:
Na primavera de 1984, dois adolescentes norte-americanos, Amanda Collier e Dawson Cole, envolvem-se na intensa vivência do primeiro amor. Apesar de pertencerem a mundos diferentes na pequena cidade de Oriental, na Carolina do Norte, o seu amor um pelo outro parece-lhes suficientemente poderoso para enfrentar todos os desafios. Mas quando o verão de seu último ano da escola secundária chega ao fim, acontecimentos imprevistos colocam os dois jovens em trajetos irremediavelmente divergentes. Vinte e cinco anos mais tarde, a morte do único amigo que os protegera reúne-os de novo na cidade natal. Confrontados com dolorosas memórias e um sentimento que se revela intacto, que sentido dar agora a um amor que nunca poderia mudar o passado?

Opinião:
Este não é o primeiro livro do Sparks que leio. É um autor que sigo há vários anos. Já li bastantes livros dele, mas cheguei a um ponto que resolvi parar por uns tempos, por achar que o autor se estava a repetir um pouco.  Resolvi voltar a dar-lhe outra oportunidade e ainda bem que o fiz. 

Em Dei-te o Melhor de Mim, Nicholas Sparks conta-nos uma bela história de amor. Um amor impossível entre dois adolescentes que são forçados a separarem-se devido a vários acontecimentos, e seguem vidas diferentes. Passado 25 anos, Amanda e Dawson encontram-se, e descobrem que o amor que sentiam um pelo outro ainda existe.

Assim, resumido desta forma, não parece nada de especial. Mais um livro lamechas. Mas não é. O autor escreve uma história com profundidade, com um sentido real. As personagens marcam-nos por serem credíveis e por não serem perfeitas.

Sparks envolve-nos numa história com vários acontecimentos, com descrições brilhantes e envolventes, com algo de mágico ou sobrenatural, narrada pela perspectiva de várias personagens, que contribuem para uma história linda e comovente.

Não posso acabar a minha opinião sem referir uma coisa que me chateava nos livros de Nicholas Sparks, e neste livro, verifiquei que ele continua a fazer... atenção ao spoiler: porque é que há-de morrer sempre um personagem principal?? No entanto, gostei bastante de ler este livro. Achei o final bastante imprevisível, e um pouco inquetante. É um livro que nos faz pensar nas escolhas que fazemos e nas suas consequências.

Nota (escala de 1 a 10): 7
IrishGirl

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Encontro com a Morte

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Autor: Agatha Christie
Editora: Edições ASA
Páginas: 206
ISBN: 9789724128153                         
Série: As Obras de Agatha Christie nº 7
 
 
Sinopse:
Por entre as ruínas antigas de Petra, na Jordânia, jaz morto o corpo de Mrs. Boynton. Uma pequena marca no pulso é o único vestígio da injecção que a matou. Com apenas vinte e quatro horas para descobrir o assassino, Hercule Poirot relembra um comentário que ouvira por acaso, ainda em Jerusalém: “Compreendes que ela tem de ser morta, não compreendes?”. Profundamente odiada, principalmente pela sua própria família, Mrs. Boynton era uma mulher cruel e a sua morte é um alívio para todos os que viviam subjugados pelo seu poder.Os familiares sentem-se finalmente livres e pedem a Poirot para não iniciar a investigação. O detective terá de lutar contra o tempo e a vontade de todos, para resolver o mistério da morte de uma das pessoas mais detestáveis de que alguma vez ouvira falar.

Opinião:
Encontro com a Morte é possivelmente o livro mais fraco que li de Agatha Christie. É um livro que entretém mas falta-lhe o brilhantismo de outras obras.

Aqui acompanhamos Poirot numas certamente merecidas férias pelo Médio Oriente, resultado das viagens por esta zona do mundo feitas pela autora em companhia do seu marido, o arqueólogo Max Mallowan.
Poirot só tem intervenção a partir do meio do livro. Na parte inicial acompanhamos a família Boynton nas suas férias e vamos tomando consciência do caracter da matriarca Mrs. Boynton e dos seus oprimidos familiares. Mrs. Boynton está muito bem caracterizada, pois cria mesmo aversão aos leitores, tanto que quando morre, eu no papel de leitor fiquei com o desejo de que não havia necessidade de resolver o crime. Justiça estava aparentemente feita. O livro começa com a frase “Compreendes que ela tem de ser morta, não compreendes?” e o leitor páginas mais tarde responde "sim". E este é um daqueles casos, pequeno spoiler à frente, em que a autora dá razões aos críticos que dizem que o "mau da fita" é sempre a personagem mais execrável.

Christie limita Poirot, talvez pelo cansaço demonstrado pela personagem nesta fase da sua carreira. Encontramos menos dos seus típicos maneirismos, o detective fica com um intervalo temporal de 24 horas para resolver o mistério e parece superficial na sua investigação. As habituais entrevistas com os intervenientes na história são extremamente curtas e não há nenhum indício bombástico, inclusive o deslindar do caso não é particularmente emocionante.

A evidência de que a obra não é das mais bem conseguidas é que a própria Agatha Christie, quando em 1945 adapta o livro a uma peça de teatro, altera completamente a história, retirando inclusivamente Poirot e alterando o assassino bem como as motivações das personagens. Também na série com David Suchet o argumento é bastante diferente.

Curiosidade: "Appointement with Dead" é o sexto e último filme em que Peter Ustinov vestiu a pele de Hercule Poirot, neste filme acompanhado por Lauren Bacall e a "Princesa Leia" Carrie Fisher.
 
Nota (escala 1 a 10): 6
TheKhan

terça-feira, 11 de agosto de 2015

A Dança dos Dragões e Os Reinos do Caos

















Título Original: A Dance with Dragons
Autor: George R. R. Martin
Editora: Saída de Emergência
Nº de páginas: 513 + 548
ISBN: 9789896373689 e 9789896373979

Sinopse de A Dança dos Dragões:
"Continuando a saga mais ambiciosa e imaginativa desde O Senhor dos Anéis, As Crónicas de Gelo e Fogo prosseguem após o violento triunfo dos traidores. Enquanto os senhores do Norte lutam incessantemente uns contra os outros e os Homens de Ferro estão prestes a emergir como uma força implacável, a rainha regente Cersei tenta manter intacta a força dos leões em Porto Real. Os jovens lobos, sedentos por vingança, estão dispersos pela terra, cada um envolvido no perigoso jogo dos tronos.Arya abandonou Westeros rumo a Bravos, Bran desapareceu na vastidão enigmática para além da Muralha, Sansa está nas mãos do ambicioso e maquiavélico Mindinho, Jon Snow foi proclamado comandante da Muralha mas tem que enfrentar a vontade férrea do rei Stannis e, no meio de toda a intriga, começam a surgir histórias do outro lado do mar sobre dragões vivos e fogo..."

Opinião:
Se vem aqui à espera de uma opinião bajuladora de George RR Martin lamento desapontá-lo. Não que só se diga mal, isso é impossível pois existe qualidade inegável na saga de "As Cónicas de Gelo e Fogo", mas existem feridas abertas pelo seu autor em que há a necessidade de colocar lá o dedo.

Vou começar pelo fim, os agradecimentos do autor. Este agradece a toda a gente com excepção claro dos seus leitores, algo que não me surpreende minimamente porque este senhor parece desprezar tanto os seus leitores como os seus personagens. A sensação que fico após a leitura deste livro, é que isto infelizmente não nos levará a nada. Martin com a sua cadência de escrita e abrangência da obra, muito me espanta se não morrer antes desta estar acabada. Da forma como a obra se vai abrindo acredito que dificilmente ele consiga acabar a obra em apenas mais dois volumes e a escrever cada livro com 5 ou 6 anos de intervalo, vai terminar o último quando? Aos 80? Espero que o senhor chegue a essa idade e ultrapasse com saúde mas sinceramente estará apto e com paciência para escrever obras desta complexidade? Das duas uma ou ficamos pendurados ou o final da série vai ser escrito de forma apressada e com qualidade inferior, coisa que acho que esta saga não merecia.

"A Feast of Crows" e "A Dance with Dragons" deveriam ser um livro só. Era essa a intenção inicial do autor e é essa a impressão com que fico após a leitura destas obras. É verdade que daria um livro extremamente grande mas pelo menos resolveria dois problemas, primeiro não teria sido editado um livro que se centrou em personagens e acontecimentos de interesse de uma certa forma menores e que fez muitos leitores ficarem desiludidos, "A Feast of Crows" perde essencialmente por não contar com a participação relevante de Jon, Tyrion e Daenerys. Segundo, se o livro fosse compactado, o texto usado para "A Dance with Dragons" seria mais fluído e certamente capítulos como por exemplo os da Daenerys eram menores e não se ficava com a ideia de muito texto e a história a evoluir nada ou muito devagar.

Martin conquistou os seus leitores no final dos anos 90 do século passado, com os primeiros livros em que a narração contava com um número limitado de personagens, os chamados POV, o que fazia com que os leitores ganhassem uma ligação especial com esses mesmos personagens. A verdade é que Martin, expandiu tanto a narração que neste momento temos a "visão" de uma variedade enorme de personagens, personagens essas que foram colocadas na história demasiado tardiamente para que os leitores se preocupem minimamente com o que lhes acontece. Algumas delas são criadas, para após uma exaustiva descrição o autor os matar. Essas personagens não criam ligação e no final, se lá chegarmos, terão uma relevância tão grande na trama como uma formiga num jardim zoológico.

O tempo que esperamos entre as obras vai fazendo com que deixamos de dar valor ao que de bom tem a obra e tendencionalmente agigantar os seus aspectos negativos. Desta vez dei por mim a consultar a versão original para perceber se a linguagem utilizada era do autor, ou se era "aprimorada" negativamente pelo tradutor. O tradutor apenas faz o seu trabalho, e a linguagem que por vezes desce a um nível demasiado vulgar, especialmente quando tem a participação das personagens femininas, é culpa do autor. Chamem-me puritano mas há coisas que já me incomodam bastante, era bom, por exemplo, que o autor deixasse de perder tempo a descrever o Tyrion a fazer as suas necessidades fisiológicas mais básicas.
Ainda assim, "A Dance with Dragons" é melhor que "A Feast of Crows", nem que seja porque parece dispor melhor as peças no tabuleiro o que ajuda, a ter alguma ideia do que se passará à frente. Em alguns aspectos, certamente que em outros parece que sabemos tanto como o autor que ainda deverá estar a pensar que volta irá dar a este mundo gigantesco que criou.

Os "cliffhangers" continuam a dar valor à obra, o que apesar de alguma passividade no avançar da obra em determinados momentos, vai-nos mantendo interessados e com vontade de ir mais à frente. Estes "cliffhangers" voltam a criar novamente um problema, e batendo novamente na mesma tecla, imagino a quantidade de leitores que após lerem o antepenúltimo capítulo tiveram um ataque de raiva contra o autor. Sinceramente, 6 anos após a edição deste livro num dos primeiros capítulos do próximo certamente veremos que o que parece não é, e aquilo que é certo também não o é. Tantas dicas foram dadas que até me espanta que alguém caia na "armadilha". Ou então não, o raio da série televisiva vai estragar a "surpresa" porque este senhor não vai conseguir editar o livro antes da 6ª temporada.

Bom, como é que se vê que apesar de tudo o livro é bom? Se não o fosse, não perdia tanto tempo a escrever uma crítica tão extensa. Gostei muito dos capítulos do Tyrion e a sua nova condição e companhia, gostei bastante dos capítulos do Jon, das suas provações e genuinidade, gostei dos capítulos em que a Daenerys tenta governar Meeren, finalmente começou a interessar-me como personagem mas passou-me depressa, apesar dos dragões continuo a dispensar a sua presença. Gostei da aparição do Jaime, que cada vez mais vai ganhando o respeito dos leitores, bem como dos poucos capítulos do Davos. Gostei das etapas que a Hit-Girl, upss a Arya vai ultrapassando. E gostei particularmente da "nova" personagem o Cheirete, é nisto que se vê a genialidade de Martin. Ramsay também é um bom novo personagem a abater, mas como Martin mata todos, este mais cedo ou mais tarde também irá. O resto sinceramente, Martell e Greyjoy são mesmo necessários? Bran foi a minha personagem favorito dos primeiros livros, neste momento é de fugir. Os Outros parecem uma história lateral que pouco trazem neste momento, mas que espero sinceramente que esteja errado.

Já agora a sinopse, Sansa e o Mindinho não aparecem ficam para o próximo e sim a série televisiva está errada. E já agora os Dragões não dançam...

Em 2013 escrevi neste blog que recomendava vivamente "As Crónicas de Gelo e Fogo" , de momento não digo o mesmo pelo menos até ver o autor a trabalhar afincadamente para acabar esta saga.

Bem, venha o próximo esta década de preferência Sr. Martin, se não for possivel que seja neste século sim?

Nota (escala 1 a 10): 7,5
TheKhan
 

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Herança

















Autor: Christopher Paolini
Editora: 1001 Mundos
Páginas: 836
ISBN: 9789895579129                    
Saga/Série: Inheritance nº 4 de 4

Sinopse:
Há pouco tempo atrás, Eragon - Aniquilador de Espectros, Cavaleiro de Dragão - não era mais que um pobre rapaz fazendeiro, e o seu dragão, Safira, era apenas uma pedra azul na floresta. Agora o destino de toda uma sociedade pesa sobre os seus ombros.
Longos meses de treinos e batalhas trouxeram esperança e vitórias, bem como perdas de partir o coração. Ainda assim, a derradeira batalha aguarda-os, onde terão de confrontar Galbatorix. E, quando o fizerem, têm de ser suficientemente fortes para o derrotar. São os únicos que o podem conseguir. Não existem segundas tentativas.
O Cavaleiro e o seu Dragão chegaram até onde ninguém acreditava ser possível. Mas serão capazes de vencer o rei tirano e restaurar a justiça em Alagaësia? Se sim, a que custo?
Este é o final da Saga da Herança, muito aguardado em todo o mundo por uma legião de fãs ansiosos. 

Opinião:
Demorei demasiado tempo a ler este livro, por duas razões, primeiro porque não me entusiasmou tanto como os anteriores e segundo porque andava tão cansado que se havia coisa que não me apetecia quando me esticava, era pegar num livro tão grande e pesado.

Mas no fim fica o sabor agradável de terminar uma série. Ou será que não terminou?
Não me apetecia começar a dizer mal, porque quando começo ninguém me segura. A verdade é que Paolini deixou tanto em aberto, após aquele que deveria ter sido o fim do livro e da série, e digo deveria porque o autor acrescenta 80 páginas de "epílogo" que são um verdadeiro "encher chouriços" que nada mais faz do que deixar o leitor a pensar que algo deverá vir a seguir. E será que o leitor quer mais Eragon?

Devo dizer que gostei de ler Eragon quando lhe peguei há quase uma dezena de anos atrás, o autor criou um mundo interessante, mesmo que nada original, mas que cativou apesar de ser extremamente juvenil. O problema é que os anos passaram, a escrita não melhorou e nós vamos lendo outras coisas e tornando-nos muito mais exigentes.

Espremendo é fácil identificar o que gostei. Há personagens poderosas que me agradaram particularmente, Murtagh, Roran ou Brom. São personagens bem mais complexas que o protagonista e por isso tão melhores. De quem também gostei neste livro foi Galbatorix, o mau da fita é louco mas tem lógica e acaba por demonstrar a toda a gente que a razão pelo qual faz aquilo que faz tem total sentido, apesar de o método ser discutível.

De negativo começa também por Galbatorix, para quê tantas páginas de livro se a série acaba e apenas um pouco da complexa personalidade desta personagem é apresentada? Que pena o autor não dedicar mais tempo a caracterizar o vilão em vez de perder tempo com as crises existenciais de Eragon.

No fundo o que se sente ao fim destas 836 páginas é que o autor criou uma obra maçuda, demasiado descritiva em momentos pouco ou nada relevantes e sem conseguir criar aquele interesse que mantém o leitor colado ao livro. Como melhor exemplo temos o corredor que os heróis percorrem para chegar à sala do trono, percurso que carregado de perigosas armadilhas deveria ser um momento alto do livro. A verdade é que li esta parte sem grande atenção, perdi metade do sentido e não voltei atrás por puro desinteresse.

Depois temos o final que é... desagradável, o autor torna Eragon num daqueles heróis muito bonzinhos, caridosos que se sujeitam a tudo para ajudarem, com uma enorme falta de personalidade e que parece nunca deixar de ser um adolescente. Paolini cria expectativas ao longo da série, relativas ao destino das personagens, tentando não revelar demasiados spoilers, devo dizer que nada ou praticamente nada do que esperamos acontece, mas não porque o autor tem um momento de brilhantismo e surpreende o leitor. Não, nada disso, apenas não cumpre as expectativas por razões fracas e muito pouco fundamentadas.

Esta série tem muito do que me desinteressa na fantasia. Tem aquele chutar para a frente quando se depara com impasses da narrativa, em que tudo se resolve com magia. Todas as dificuldades são banalizadas pelos poderes dos heróis. Depois temos o bouquet completo, os anões são rezingões, os dragões extremamente poderosos mas na realidade não são mais do que animais de estimação dos humanos, os elfos continuam a ser uma raça enfadonha de tão perfeitinhos e os humanos uns fracotes que por acaso acabam por dominar o mundo, mas que facilmente seriam esmagados por qualquer um dos grupos anteriormente descritos.

Spoiler, tantas páginas para derrotar um inimigo tão poderoso como Galbatorix e quando lá chegam é tão fácil... que desilusão. Ahh e já agora haja alguém que me convença que o personagem eleito para suceder ao Rei é mais humano que o anterior era.

E cá está, lá me estendi na critica. A verdade é que por todos os defeitos que tem entretém. Há personagens que cativam e o mundo criado é aprazivel. Pena ser demasiado colado ao "Senhor dos Aneis" e que o jovem promissor não se tenha tornado num autor de qualidade acima da média.

Nota (escala 1 a 10): 6
TheKhan

Opinião:
Aproveitei as férias para ler o final da série da Herança. É que custa andar com um livro deste tamanho nos transportes públicos! E vou começar exactamente por aí. Não sou apreciadora das divisões de livros, mas realmente existem livros que não há mesmo outra solução para facilitar a vida ao leitor. E este livro, é excessivamente longo. O autor estendeu-se demasiado em certas descrições, e em certas cenas que nada contribuíram para a acção e o desenrolar da história, tornando a história demasiado comprida. Pronto, este foi o primeiro ponto negativo.

Segundo ponto, o final demasiado previsível e enfadonho. Não me levem a mal, mas não me consegui emocionar nada com o fim. Foi aborrecido e tenho a sensação que depois de tanta batalha, ficou tudo igual. Aliás, até Eragon chega a essa conclusão. Que ele próprio, no futuro, poderá ficar igual ao vilão Galbatorix e querer controlar tudo.

Mas nem tudo é negativo, de maneira nenhuma. Nota-se uma evolução nos personagens. Principalmente no protagonista Eragon, que achei, apesar de tudo, mais crescido e adulto na tomada de decisões. Também, os Elfos estão mais simpáticos e menos altivos. Gostei muito de Roran e do papel que desempenhou no desenrolar da história. A Rainha Nasuada desiludiu-me um pouco. Esperava mais dela, depois de ter sofrido horrores às mãos de Galbatorix. Aliás nessa parte da história mal consegui largar o livro. Gostava que o autor tivesse desenvolvido mais Murtagh, mas acho que Paolini teve medo de o fazer, porque provavelmente Murtagh seria melhor que Eragon. E também gostava de saber quem era Angela! Um verdadeiro mistério! E o que dizer dos Dragões? Muito sinceramente, não sei. Passaram-me completamente ao lado.

Relativamente às batalhas, elas estavam bem descritas e agarram o leitor, desde que nessa batalha esteja Roran. Roran, é o verdadeiro guerreiro. Forte e resistente. Não olha a meios para lutar contra o opressor e para libertar o povo e a sua família. Passou a ser o meu personagem preferido.

E, quando finalmente, todas as forças e meios se convergem para a batalha final entre Galbatorix e Eragon, que supostamente seria o ponto máximo do livro, passa tudo tão depressa que não consegui evitar um “Já acabou?”. Pronto, foi o terceiro ponto negativo. Depois de uma promessa de armadilhas e problemas que tinham de ultrapassar, resolveu-se tudo num piscar de olhos, porque, e desculpem o spoiler, Eragon fez Galbatorix entender e ele morreu de dor?!! Mas que desilusão! Galbatorix, como principal vilão merecia mais. Merecia mais desenvolvimento.

Resumindo, Christopher Paolini terminou a série da Herança com um livro mais ou menos bom. Gostei de algumas partes, que realmente achei muito boas, que me agarraram e me entusiasmaram, e outras que não gostei nada e que me desiludiram.


Nota (escala 1 a 10): 6

IrishGirl
 

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Morte na Formula 1

















Autor:Alistair MacLean
Editora: Europa-América
Páginas: 150
Livros de Bolso nº 447


Sinopse:
Que Harlow fora directamente responsavel pela morte de Jethou era um facto incontestável. Mas Harlow, com onze Grandes Prémios conquistados em dezassete meses, era, por definição e pelo seu palmarés, o melhor piloto do mundo e simplesmente ninguém vai inculpar o melhor piloto do mundo. Não é coisa que se faça. Todo trágico acontecimento foi atribuído a um acto de Deus e a cortina discretamente descida para indicar o fim do acto.
Mas Johnny Harlow sabia que a tragédia não fora acidental.
À semelhança de um felino na escuridão, silencioso, furtivo, implacável, Harlow desenvolve uma perigosa investigação, que o conduzirá, a ele ao leitor, a uma espantosa revelação.


Opinião:
Um pequeno livro de bolso que descobri pela curiosidade de ver a lista de livros publicados pela Europa-América nesta colecção. Comprei-o pelo título, pois como já devem ter entendido tenho um gosto especial pelos temas automobilísticos. O engraçado é que o comprei porque o título em Português nada tem a haver com o original que não me teria chamado à atenção certamente, "The Way to Dusty Death".
 
O autor, Alistair MacLean, é mais conhecido pelo clássico "Os Canhões de Navarone", livro para adquirir e ler um dia mais tarde. Quanto a este "Morte na Formula 1" não há muito a dizer, é um livro curto de rápida leitura, muito muito levezinho, bom para colocar nas mãos de um adolescente que está na fase em que os livros são uma "ganda seca".
 
Este livro produz um bom nível de entretenimento, repleto de personagens estereotipadas, tem um argumento muito "hollywoodesco", ao jeito de um James Bond. Johnny Harlow é um típico anti-herói, colocado num pedestal pelos seus atributos como piloto, cai em desgraça quando se vê envolvido num acidente que termina na morte de um concorrente, o aparente relacionamento com o álcool acaba por vincar ainda mais esse estereótipo. À volta do personagem principal temos a mulher bonita que é apaixonada pelo protagonista, e os maus da fita que são implacáveis.
 
É uma obra interessante para os amantes de automóveis, apesar dos conhecedores do desporto automóvel facilmente detectarão alguns erros ou irrealidades, e para quem gosta de livros com uma boa dose de acção. O mundo da Fórmula 1 é a base para o argumento, mas a acção desenrola-se na sua grande maioria fora das pistas. É uma obra escrita por um autor de livros de acção que gosta de automóveis e não de um autor de livros de automóveis que gosta de acção.
 
Nota (escala 1 a 10): 7
TheKhan