sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

A Redenção

















Autor: Barry Eisler
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 290
ISBN: 9789896374334                          
SérieJohn Rain nº 3

Sinopse:
John Rain fugiu para o Brasil, para limpar a consciência, mas os seus talentos fazem dele um homem requisitado. A missão: eliminar um traficante de armas no Sudeste asiático. A vantagem: estritamente financeira. A desvantagem atravessar-se no caminho de uma espiã israelita, que também tem os seus talentos singulares para a sedução e a traição, e que brinca com a vida e a morte de um modo mais sinistro do que Rain alguma vez imaginara… Barry Eisler criou «um protagonista de quem não se pode deixar de gostar.» Uma figura principal de uma série elogiada por James Ellroy como sendo uma «ressurreição hipnoticamente moderna dos thrillers sobre assassinos profissionais.» Neste livro Eisler leva Rain até aos confins do mundo, onde os vícios mais entranhados são difíceis de eliminar… e violentos.


Opinião:
Indo um pouco atrás. Tinha grande expectativas do primeiro livro, "Tokyo Killer", achei-o demasiado hollywoodesco, mas parti para o segundo "O Quinto Mandamento" e gostei menos. Curiosamente quando li o segundo já tinha comprado o terceiro "A Redenção".

E à terceira, e considerando o historial a expectativa não era grande. Aliás, sabem quantos livros foram escritos por Barry Eisler sobre esta personagem John Rain? 8 sabem quantos foram editados em Portugal? 3, tendo o último, este, sido editado em 2012. Sabem o que isto quer dizer não sabem? Querem ler os restantes, pois comprem-nos em Inglês... é tão bom viver neste país à beira mar...........

Mas sabem que mais? Não é que até achei o livro melhor que os anteriores? Sim os problemas antes descritos continuam a existir, muito hollywoodesco mas menos neste caso, Rain continua a deixar cadáveres espalhados por toda a parte e as personagens femininas são sempre espetaculares e caiem sempre aos pés do James Bo.. John Rain.

Só que desta vez achei ligeiramente diferente. Rain continua a não me entusiasmar como personagem, mas eis que não quando aparece uma personagem que finalmente me interessa, o Dox. É suficiente para salvar a série? Talvez não, mas gostaria de ver como será o seguinte, mas terá de ser em Inglês claro.

O final do livro é outro dos aspectos positivos, deixou-me mais preso do que o costume e tem algumas reviravoltas interessantes.

Assim e depois daquela fase que nos fartamos das constantes técnicas de despiste do protagonista, que têm piada uma vez mas se tornam uma seca ao fim de meio livro, quanto mais três, e depois das extensas descrições de golpes de judo o livro lá vai ganhando algum ritmo e consistência acabando assim por me convencer mais do que os anteriores.

Nota (escala 1 a 10): 6,5
TheKhan
 
 

domingo, 29 de novembro de 2015

O Forte

















Autor: Bernard Cornwell
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 396
ISBN: 9789896373474

Sinopse:
Esta é a história de homens em guerra, das escolhas que são forçados a fazer e os dilemas que sofreram. Uma das melhores obras de Bernard Cornwell. No verão de 1779, no terceiro ano da Guerra da Independência dos Estados Unidos, uma força britânica de 750 homens, liderada por Francis McLean, navega em direção à costa desolada e brumosa da Nova Inglaterra. A sua missão é estabelecer uma base naval numa posição crucial para dar abrigo a americanos lealistas. Apoiado por três pequenos navios, Mclean inicia a construção de um forte. Em resposta, o estado de Massachusetts envia uma frota de 40 navios e mil soldados de infantaria para "capturar, matar ou destruir" os invasores. O segundo em comando é Peleg Wadsworth, um antigo combatente no regimento de George Washington e um homem que sabe o que tem de ser feito para expulsar os invasores. E embora os britânicos estejam em inferioridade numérica, a batalha que se seguiu é um exemplo clássico de como planos bem elaborados podem ser arruinados por líderes incompetentes ou política mesquinha, e de como a guerra destaca o melhor e o pior em todos os homens.


Opinião:
Ai as sinopses. Uma das melhores obras de Bernard Cornwell? Não acho que o seja, e não serei certamente o único.

"O Forte" é uma obra diferente de Bernard Cornwell.  É um livro sem herói principal, limita-se a vaguear à volta de um conjunto de personagens relevantes, de cada um dos lados da "barricada" desta Expedição de Penobscot que nos descreve. Personagens essas que na sua grande maioria são reais.

É um livro sobre um facto histórico, que para mim tem pouca relevância e que não me interessou particularmente. É verdade que nos descreve aquela que foi a maior derrota naval Americana até Pearl Harbour mas é algo que não passa de um sem número de disparates estratégico-militares.

O que me manteve agarrado ao livro, foi exactamente não conhecer este acontecimento histórico e por isso mesmo, não saber como iria terminar a história. Claro que nos é perceptível como se irá desenrolar mas mesmo assim cria algum interesse.

Certo é que não foi fácil avançar na sua leitura. O primeiro terço do livro é exasperantemente lento, pouco ou nada se passa e como disse anteriormente o não contemplar um personagem principal não ajuda. O saltar constantemente do ponto de vista de cada um dos lados e de vários personagens de cada lado torna mesmo muito complicado ficarmos agarrados à sua leitura.

É sem dúvida uma obra menor de Bernard Cornwell devido à base da sua história, muito lenta mas que vai ganhando consistência quando a acção começa a aparecer. O autor não nos desilude no que toca à descrição de batalhas e apresenta-nos alguns pormenores que salvam o livro.

Os livros da série Sharpe são muito, mas muito mais interessantes. Pena a editora continuar a ignorar esse facto.

Uma palavra final para uma das personagens mais relevantes nes obra, Francis Mclean. Este Escocês oficial do exército Britânico esteve ao serviço em Portugal de 1762 a 1778, sendo inclusivé governador da fabulosa fortaleza de Almeida.


Nota (escala 1 a 10): 6
TheKhan

sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Sangue Furtivo


















Autor: Charlaine Harris 
Editora: Saída de Emergência
Nº de Páginas: 256
ISBN: 9789896372071
Colecção: Saga Sangue Fresco - Livro nº5

Sinopse:
Sookie Stackhouse, uma empregada de bar na pequena vila Bon Temps, não é alheia a experiências sobrenaturais. Mas agora estranhos acontecimentos estão a mexer com a sua família e nunca antes o sobrenatural esteve tão próximo. Quando Sookie repara que os olhos do seu irmão Jason começam a modificar-se, ela percebe que ele está prestes a transformar-se numa pantera pela primeira vez - uma transformação mais rápida e intuitiva do que a maioria dos metamorfos que ela conhece. Mas a preocupação de Sookie torna-se mais intensa e assustadora quando um atirador furtivo aponta a sua mira para os metamorfos locais, e os novos "irmãos" felinos de Jason começam a suspeitar que ele pode estar por trás dessa mira. Sookie tem até à próxima lua cheia para descobrir quem está envolvido nestes ataques... a menos que o atirador decida encontrá-la primeiro...

Opinião:
Sangue Furtivo é o 5º livro da Saga Sangue Fresco. Neste livro, o enredo foca-se na comunidade metamorfa. Sookie, que desde que conhece os vampiros anda sempre metida em sarilhos, vê-se envolvida numa série de ataques a metamorfos que têm acontecido em Bon Temps. Jason, irmão de Sookie, que no último volume foi mordido e agora transforma-se em pantera, é, para a comunidade metamorfa, um dos suspeitos. Por isso, Sookie com o seu "dom" tenta investigar quem é o autor dos disparos e alguém a tenta matar, incendiando-lhe a casa. Em simultâneo, em Shreveport, a comunidade Lobisomem enfrenta a eleição de um novo líder. E é assim, com tanta coisa a acontecer que nos vemos envolvidos numa história repleta de acção e emoção, que nos agarra logo no início e só parámos quando chegamos ao fim desta história

Charlaine Harris continua a escrever fluídamente, e não há dúvida, que o mundo que ela criou de seres sobrenaturais de toda a espécie, é interessante e faz sentido. Pelo menos os vampiros não podem andar à luz do dia, e adoro o pormenor de terem de ser convidados a entrar em casa dos humanos que a qualquer altura podem anular o convite. É o máximo.

No entanto, neste livro, começa a chatear um pouco a vida amorosa da Sookie. Acho que são pretendentes a mais e começa a ser confuso. Um personagem que me desiludiu foi Alcide. Não gostei da atitude e também do método de escolha do novo líder da alcateia. Pode parecer um pouco ridículo para quem lê e gosta como eu desta saga, mas achei que foi um bocado de violência a mais.

De qualquer modo, é um livro que se lê muito rapidamente e ficamos sempre curiosos pelo que virá a seguir.

Nota (escala de 1 a 10): 6
IrishGirl



terça-feira, 10 de novembro de 2015

O Triunfo dos Porcos

















Autor: George Orwell
Editora: Europa-América
Páginas: 125
ISBN: 9721040983


Sinopse:
Publicado pela primeira vez em 1945, O Triunfo dos Porcos transformou-se na clássica fábula política deste século. Acrescentando-lhe a sua marca pessoal de mordacidade e perspicácia, George Orwell relata a história de uma revolução entre os animais de uma quinta e o modo como o idealismo foi traído pelo poder, pela corrupção e pela mentira. 


Opinião:
Peguei novamente nesta obra depois de a ter emprestado a um amigo e ele me ter aberto o apetite para a voltar a ler. A primeira vez que o li foi há 10 anos atrás e desde aí que o aconselho a toda a gente.

Após a segunda leitura continuo a achar brilhante, a única diferença é que tendo consciência de como a história iria evoluir o que claro limita o prazer que tiramos de um livro.

"O Triunfo dos Porcos" ou "A Quinta dos Animais" títulos utilizados em duas traduções para Português de "Animal Farm" de George Orwell é uma pequena fábula que satiriza o totalitarismo de uma forma suave usando os amimais de uma quinta em vez de humanos.

O livro foi escrito do final de 1943 ao início de 1944, quando os Ingleses estavam em aliança com a União Soviética e de uma certa forma acaba por reflectir a revolução Russa de 1917 e a era de Joseph Staline como lider da União Sovietica.

O mais fabuloso deste livro é que os animais, enquanto nos vão sendo apresentados aos poucos, nos vão fazendo lembrar variadíssimos estereótipos humanos bem como também dessa categoria tão peculiar, os políticos. Temos de tudo, o velho rezingão que sabe um pouco mais que os outros, o musculado trabalhador e esforçado, a beldade que só se preocupa com futilidades, o profeta e depois claro, o ditador, o opositor, o ministro da propaganda, os guarda costas e o povo desgraçado que é sempre entalado.

Resumindo, porque o livro não é muito longo e merece ser lido sem ideias pré-concebidas, o que tenho a dizer é que é uma verdadeira obra prima. É uma distopia bastante original, na facilidade de leitura que proporciona e é aconselhável a todo o público em geral. No fundo é a versão juvenil da distopia de Orwell enquanto "1984" é a versão para adultos.

Leiam, não se vão arrepender.

Nota (escala 1 a 10): 8,5
TheKhan

sábado, 31 de outubro de 2015

Algo Maligno Vem Aí

















Autor: Ray Bradbury
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 278
ISBN: 9789896374556


Sinopse:
O espetáculo está prestes a começar. O circo chega pouco depois da meia-noite, nas vésperas do Halloween. O que fariam se os vossos desejos secretos fossem concedidos pelo misterioso líder do circo, o Sr. Dark? O circo a todos chama com promessas sedutoras de juventude eterna e sonhos por cumprir…
Dois amigos adolescentes, Jim Nightshade e Will Halloway, são incapazes de resistir às atrações. A sua curiosidade de rapazes fá-los descobrir o segredo oculto nos labirintos, fumos e espelhos do tenebroso circo.
Inconscientes do perigo em que se veem envolvidos, uma terrível perseguição é posta em marcha e Jim e Will tudo terão que fazer para salvar as suas vidas. Mas, acima de tudo, as próprias almas... 

Opinião:
Esperava que fosse um livro que me impressionasse mais. Algo que me deixasse com recordações mas não o fez, talvez porque a expectativa era alta demais tendo em consideração que há quem o considere uma obra prima da literatura gótica.

Do que não gostei? Do estilo de escrita do autor. Demasiado floreado, demasiado poético, acima de tudo distractivo, o que me fez demasiadas vezes reler determinadas passagens para entender o que estava a ler e isso faz com que nos sintamos não dentro da história, mas sim a vaguear à volta dela. Talvez seja eu que amadureci demasiado e tenho muitas preocupações dentro da cabeça ao mesmo tempo, mas aquilo que senti é que não me consegui imiscuir-me na história e assim espremer tudo o que esperava dela. Talvez o devesse ter lido na adolescência.

Em contrapartida gostei muito, mas mesmo muito da relação pai/filho entre Charles e Will, extraordinária, realista e muito sentida. É algo que nos vai aparecendo a meio do livro, uma agradável surpresa que foi sem duvida nenhuma o que mais me manteve preso à sua leitura. Outra das coisas que me prendeu foi o relembrar da excelente série da HBO, Canivale que infelizmente foi cancelada à segunda temporada. Ambas as obras apresentavam-nos estes circos de figuras grotescas e assustadoras, muito diferente do que um circo é hoje em dia.

Este livro deveria ser negro, assustador e com muito suspense. É um pouco, mas não tanto como deveria ser muito por culpa das descrições demasiado extensas, que tornam o ritmo do livro demasiado lento e assim muito pouco surpreendente.

Em suma, um argumento que parecia excelente mas que na prática é interessante mas pouco mais do que isso. Pena.

Nota (escala 1 a 10): 6,5
TheKhan

terça-feira, 27 de outubro de 2015

Amor e Chocolate



















Autor: Dorothy Koomson
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04112-8
Nº de Páginas:416

Sinopse:
Amber Salpone não queria sentir-se atraída pelo amigo Greg Walterson, mas não consegue evitar. E, de cada vez que a atracção se concretiza em algo mais, a aventura secreta fica mais perto de se tornar numa relação séria, o que, sendo ele um mulherengo e tendo ela fobia ao compromisso, constitui um grande problema.

Enquanto Amber luta para aceitar o que passou a sentir por Greg, apercebe-se também de que ela e Jen, a sua melhor amiga, estão cada vez mais afastadas. Pouco a pouco, à medida que as duras verdades das vidas de todos vão sendo reveladas, Amber tem de enfrentar o facto de o chocolate não curar tudo e, por vezes, fugir não é opção…

Opinião:
Dorothy Koomson apresenta-nos uma história de amor e chocolate. Sendo eu uma viciada confessa em chocolate, não podia deixar passar este livro sem o ler. Neste livro, conhecemos Amber Salpone, uma mulher que foge de relacionamentos sérios e de Greg Walterson, um mulherengo assumido. Estes dois são amigos, juntamente com Jen, a melhor amiga de Amber, e Matt, o namorado de Jen, e melhor amigo de Greg, e de quem Amber não gosta nem um bocadinho.

Amber ajudou Greg a sair de muitas encrencas sem suspeitar que ele está realmente interessado nela, até que um dia Greg assume que gosta dela. A partir daí Amber fica confusa e com medo, por que não quer se envolver com um mulherengo e também não quer estragar a amizade. Os dois envolvem-se em segredo, porque têm medo que a relação não avance. Jen e Matt, amigos de ambos, também têm uns segredos que quando são revelados, poderão afectar a relação de Amber e Greg, assim como a relação de amizade entre eles todos.

A escrita desta autora é fluida e bastante descontraída. O enredo criado é desenvolvido à volta da relação de Amber e Greg, sendo por vezes um pouco repetitivo, e por isso existem algumas partes completamente desnecessárias.

As personagens são o ponto central da história, e Amber cativa por ser uma pessoa que não é perfeita, com quem nos identificamos facilmente em algum ponto da sua personalidade. É uma pessoa atormentada com traumas familiares do passado, que faz com que ela evite confrontos e compromissos sérios.

Greg é o personagem típico do homem mulherengo e sedutor, mas no fundo tem bom coração, e como Amber, também tem os seus traumas passados, que justificam o facto de ser um sacana mulherengo.

Uma das melhores partes do livro, que compensa algumas passagens um pouco mais chatas e repetitivas, são as cenas no trabalho de Amber. As colegas de trabalho de Amber são umas doidas muito engraçadas.

E finalmente o chocolate, ser farejador de chocolate deve ser engraçado. Da próxima vez que for a super mercado vou estar atenta aos farejadores! Mas são interessantes as comparações que a autora faz entre os mais diversos tipos de chocolate e as pessoas.

Amor e Chocolate é uma história leve e divertida, mas sem o teor dramático de A Filha da Minha Melhor Amiga, do qual gostei bastante. No entanto é um livro que entretém e se lê muito bem.

Nota (escala de 1 a 10): 6,5
IrishGirl

terça-feira, 13 de outubro de 2015

A Literatura Nazi nas Américas

















Autor: Roberto Bolaño
Editora: Quetzal
Páginas: 228
ISBN: 9789725649091
 
Sinopse:
A Literatura Nazi nas Américas é uma enciclopédia ficcional composta de pequenas biografias de autores pan-americanos imaginários. Estes nazis literários —fascistas, fanáticos e reaccionários —são retratados numa galeria de medíocres alienados, snobes, oportunistas, narcisistas e criminosos.
Numa entrevista, Roberto Bolaño referiu-se aos seus autores nazis na América como uma metáfora do mundo das letras, às vezes heróico, outras desprezível.
E, na verdade, ainda que inventados, estes escritores são personagens de histórias, essas sim reais, de grandes nomes da literatura das américas.
 
Opinião:
Se o livro anterior que li deste autor, "A Pista de Gelo", peguei a medo e fiquei extremamente agradado com o que li, em "A Literatura Nazi nas Américas" peguei com confiança e no final percebi que foi um erro.

Vou ser curto porque se não gostei deste livro a grande culpa foi do leitor, ou seja minha. Ao ter gostado tanto do livro anterior fui descuidado na aquisição seguinte. Olhando para trás deveria ter sido mais realista e percebido que este era um projecto literário que para um leitor como eu tem tendência para o desastre.

Não sou grande adepto de contos pelo seu reduzido tamanho e desenvolvimento por isso também não sou grande adepto de curtas biografias de autores imaginários. Para além disso a obra é demasiado erudita para mim. Se reconheci as tais personagens de histórias de grandes nomes da literatura das américas? Raramente...

Resumindo, foi uma leitura bastante desinteressante que apenas me manteve até ao fim porque seja sobre o que for que Roberto Bolaño escreva, escreve sempre bem, a fluidez das suas palavras é sempre brilhante.

Quem quiser experimentar este autor não comece por este livro, há outros bem mais interessantes e apelativos para começar.

Nota (escala 1 a 10): 5
TheKhan
 

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O Caderno de Maya




















Autor: Isabel Allende
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04384-9
Nº de Páginas: 360

Sinopse:
Um passado que a perseguia. Um futuro ainda por construir. E um caderno para escrever toda uma vida.

"Sou Maya Vidal, dezanove anos, sexo feminino, solteira, sem namorado por falta de oportunidade e não por esquisitice, nascida em Berkeley, Califórnia, com passaporte americano, temporariamente refugiada numa ilha no sul do mundo. Chamaram-me Maya porque a minha Nini adora a Índia e não ocorreu outro nome aos meus pais, embora tenham tido nove meses para pensar no assunto. Em hindi, Maya significa feitiço, ilusão, sonho, o que não tem nada a ver com o meu carácter. Átila teria sido mais apropriado, pois onde ponho o pé a erva não volta a crescer."

Opinião:

Em O Caderno de Maya, Isabel Allende conta-nos a história de uma jovem, Maya Vidal, que através do seu diário, escreve sobre a sua adolescência. O diário é escrito pela protagonista, em Chiloé, uma ilhota chilena onde se refugia para fugir ao passado que a persegue. Através do seu diário, Maya relata-nos diariamente a sua vida na ilha, um mundo muito diferente do seu, descreve a sua convivência com as pessoas que conhece na ilha, mas também recorda o que se passou com ela, e com a sua família nos EUA.

Maya é neta de uma chilena que fugiu com o seu filho para os EUA, na altura da ditadura no Chile. É criada pelos avós, com muito mimo e tem uma vida bastante estável emocionalmente até que o seu avô morre no período da sua adolescência. Não sabendo lidar com a dor, Maya torna-se numa jovem rebelde, junta-se às pessoas erradas, passa por tribulações horríveis, e envolve-se na droga, da prostituição e do crime, do qual não consegue sair.

Isabel Allende emprega um bom ritmo à história intercalando as realidades diferentes da vida de Maya, sempre que esta muda de assunto no seu diário, fazendo-nos ficar agarrados e ansiosos por ler mais e saber o que aconteceu.

Como é habitual nos seus livros, sejam históricos ou actuais, a autora escreve maravilhosamente bem, descrevendo paisagens, situações e sentimentos, que nos envolvem de tal maneira que parece que estamos dentro da história. As personagens, maioritariamente femininas, são sempre fortes, apaixonadas e muito determinadas.

Pelo que li na sinopse, não esperava uma história que, em certas alturas me fez lembrar um livro que li há muito tempo: Os Filhos da Droga de Christiane F. que retrata o mundo da droga.

O Caderno de Maya é um livro que retrata a sociedade actual, mostra as dificuldades e os problemas dos adolescentes em se afirmarem, e crescerem num mundo com acesso a tudo o que é de bom, mas também o que é de mau. Faz-nos também reflectir na importância da influência da família na vida dos jovens. Ao mesmo tempo, fala-nos um pouco da história do Chile, o seu país, da sua cultura, e da ditatura de Pinochet, e como este regime marcou o povo chileno.

Isabel Allende escreve maravilhosamente com muita emoção, envolvendo-nos e agarrando-nos até à última página. Adorei e recomendo.


Nota (escala de 1 a 10): 8,5
IrishGirl

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Pretoriano

















Autor: Simon Scarrow
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 349
ISBN: 9789896374969
Série: Eagle Series nº 11

Sinopse:
A cidade de Roma em 50 d.C. é um lugar perigoso. A traição espreita a cada esquina e um obscuro movimento republicano, conhecido como os libertadores, cobre a cidade com os seus tentáculos. Temese que a próxima conspiração surja do coração da própria Guarda Pretoriana. Sem saber em quem pode confiar, o Secretário Imperial Narciso convoca a Roma dois dos seus homens mais corajosos e leais: os veteranos Macro e Cato.

Incumbidos da tarefa de infiltrarem a Guarda Pretoriana, Cato e Macro enfrentam um duro teste para ganharem a confiança dos seus camaradas. E quando finalmente estão prestes a descobrir os segredos da conspiração, surge um velho inimigo que os poderá denunciar, com consequências fatais. Será uma corrida contra o tempo para salvarem as próprias vidas antes que consigam revelar os nomes dos traidores que pretendem derrubar o Império?

Opinião:
Em Pretoriano Simon Scarrow parece-me que tenta contornar um problema que criou nos livros anteriores desta série. Scarrow evoluiu a carreira dos dois protagonistas demasiado rápido, especialmente Cato.

Scarrow cria uma história de espionagem cheia de conspirações políticas que colocam Macro e Cato longe do seu ambiente de conforto, as legiões. Os heróis são alistados na Guarda Pretoriana como meros soldados, o que lhes cria algumas dificuldades de habituação bem como situações caricatas. Os protagonistas estão de volta a casa e assim o livro decorre em Roma o que se torna interessante para conhecermos como funciona a grande capital do império nesta era.

Um dos pontos fortes desta série é a mistura das personagens fictícias com as reais. Neste livro encontramos Nero, Agripina e Britânico. Quem conhece a história do Império Romano sabe da relevância destas figuras e do que se passará de seguida. Destas destaco Nero, que está caracterizado de uma forma muito interessante, nomeadamente nas suas interações com Cato.
 
Praetoriano é um livro à imagem dos restantes, interessante, cheio de acção e que beneficia de duas personagens extremamente bem construídas que ligam o leitor à série. Não acredito que haja um leitor assíduo desta colecção que não sinta empatia por Cato e Macro e que não se preocupe com o desenvolvimento das suas histórias.
 
Relativamente ao argumento, tal como mencionei anteriormente, é um livro um pouco diferente dos restantes, o peso militar é inferior, não há batalhas entre exércitos, apenas confrontos com milícias, o factor político é muito mais relevante e Cato e Macro são menos soldados e mais espiões. Talvez por isso notei que o ritmo de leitura fosse um pouco mais lento que o habitual, as operações de bastidores levaram-me a não ler tão avidamente.
 
Independentemente do estilo ser ligeiramente diferente, a qualidade mantem-se e são livros que são uma certeza de entretenimento. Hajam mais Cato e Macro. O próximo livro "Corvos Sangrentos" promete com os protagonista de volta à Britânia.
 
Nota (escala 1 a 10): 7,5
TheKhan
 
 

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Ligação Perigosa

















Título Original: Liaison Dangereuse
Argumento: Phillipe Graton e Denis Lapière
Desenhos: Marc Bourgne e Benjamin Benéteau
Editora: Asa
Páginas: 54
Colecção: Michel Vaillant nova temporada nº3
ISBN: 9789892328874
 

Sinopse:
Patrick Vaillant, filho de Michel, decide prosseguir as suas investigações sobre o futuro do automobilismo, deixando nas mãos do pai o desafio de vencer o espetacular Rallye du Valais com o novíssimo modelo da Vaillante. Mas a copiloto que é atribuída ao nosso herói torna perigosas, muito perigosas, tanto as etapas especiais como as ligações.
 
Opinião:
Ligação Perigosa é o terceiro álbum da nova temporada do famoso piloto de corridas Michel Vaillant. E ao terceiro livro, eu que cresci a ler os livros deste personagem que inclusivamente ajudaram a moldar aquele que sou, digo BASTA.
 
 
 
Caro Phillipe Graton, o senhor é um "criminoso", "assassinou" as personagens que o seu pai criou e evoluiu durante décadas. Desejava quebrar barreiras e adaptar esta série a uma realidade mais actual? Muito bem mas colocava o nosso fiel Michel com uma idade avançada a gozar a sua reforma e apostava nas novas gerações. Era tão simples...
 
Assim mantinha a ligação com a "temporada" anterior e podia "inventar a roda". Agora o que fez foi baralhar tudo. Colocar personagens totalmente diferentes ao nível dos seus valores, com o mesmo nome dos criados por Jean Graton, é um disparate que roça o desrespeito pelo leitor. Desta vez não tem a ver com o desenho, é o argumento que falo.
 
Quem é este Michel Vaillant? Um piloto de 40 anos volátil ao nível de um jovem lobo, com um estilo que de campeão não tem nada, que erra por pura falta de profissionalismo. Negligente como pai e falso como marido?
 
O Michel Vaillant tem um passado de 70 álbuns nos quais era, admito, demasiado perfeito, tanto que nem era a minha personagem favorita. Mas qual é o sentido de quebrar de tal maneira a ligação com o passado, mas ao mesmo tempo mantendo uma ligação umbilical que é de uma ambiguidade incrível?
 
Eu não gosto deste novo Michel Vaillant. Pior, não há uma único que personagem desta nova temporada que me agrade. Fico indiferente ao aparecimento das personagens e dos seus desenvolvimentos.
 
Os argumentos desta nova temporada quebram um pouco com a dependência do automobilismo e consigo até compreendê-lo, são livros que não são apenas para os "Petrolheads" mas pretende atingir um público mais vasto. Há uma aproximação dos "heróis" a uma vida mais real, com problemas mais usuais do dia-a-dia. Retira-se a perfeição das personagens tornando-as mais humanas, muito mais falíveis. É uma abordagem diferente que até poderia funcionar, ou melhor, acredito que funcione para leitores novos que pouca ou nenhuma ligação têm com a "temporada" anterior. Mas o passado não pode ser ignorado.
 
 
Uma característica desta nova temporada é que existe agora uma maior ligação entre os álbuns. Todos acabam com o "Continua...". A história é mais vasta, abrangendo a coleção de livros e menos limitada às páginas de um álbum só. O que acaba por manter o leitor com alguma espectativa para o livro seguinte. Antigamente era pelo prazer puro de ler um "Michel Vaillant" agora é para tentar perceber como é que a trama se vai deslindar.
 
No que toca ao desenho, começando pelas personagens, não há palavras, basta ver a imagem acima de Michel Vaillant. Tirando as personagens existem pranchas neste álbum que têm uma qualidade fantástica, os cenários estão muito bons e existem momentos de evolução dos carros de rallye que são um prazer à vista.

Resumindo, quando sair o próximo, em Outubro a versão francesa, um dia se comprará, mas já não é aquele desejo imediato que me faria comprar a versão francesa enquanto não saísse a portuguesa. E mesmo quando sair a portuguesa quando chegarmos à feira do livro logo vejo se o preço me agrada senão espera-se mais um ano. Comprar sim, mas já me custa dar 15€ por um livro que de maneira nenhuma me enche as medidas.

E eu que tenho tanto gosto pelos meus Michel Vaillant do Jean Graton que tenho lá na prateleira...
 
Nota (escala 1 a 10): 5,5
TheKhan
 

sábado, 29 de agosto de 2015

O Homem que Sonhava ser Hitler

















Autor: Tiago Rebelo
Editora: Asa
ISBN: 978-989-23-0741-1
Nº de Páginas: 470

Sinopse:
No pátio das traseiras de um prédio de um pacífico bairro de Lisboa, uma criança é atacada por três homens e deixada em coma. Ao investigar o que inicialmente se supõe ser um mero acto de cobardia de um grupo de cabeças-rapadas que resultou em tragédia, as autoridades vão descobrir uma gigantesca conspiração que prova que, nunca como hoje, a democracia e o estado de direito estiveram tão ameaçados em Portugal. Neste surpreendente romance, Tiago Rebelo abre-nos a porta dos fundos do lado mais obscuro da política nacional dos nossos dias, onde nada é o que parece ser e onde se desenrolam acontecimentos extraordinários que colocam em perigo toda a sociedade, sem que esta se aperceba do que está realmente a acontecer. O inspector-chefe, António Gaspar, da Polícia Judiciária, leva a cabo uma investigação, que, a cada passo, ameaça a sua vida e a da mulher que ama, a ex-namorada que ele procura recuperar no desvario dos dias perigosos que põem em risco a nação.

Opinião:
Já há algum tempo que tinha curiosidade de ler um livro deste autor português. Problema era que nenhum dos enredos dos seus livros me entusiasmava realmente. Com "O Homem que Sonhava ser Hitler" o autor entrou por um estilo que me agrada, até porque já no passado li policiais de autores nacionais que, apesar de não serem de uma forma geral fabulosos, entretiveram-me o suficiente para me agradar.

Este é um daqueles livros que nos agarra logo mal começa. As descrições inicias estão carregadas com um nível de dramatismo que nos "obrigam" a querer avançar para sabermos mais. Depois vão sendo apresentadas as personagens principais, muito aos poucos, e estas que não são muitas, acabam por ser marcantes, o leitor identifica-as e é marcado pelas suas acções.

Enquanto o livro vai evoluindo vai aos poucos perdendo algum ritmo, isto prende-se com a necessidade de aprofundar o passado das personagens, o que leva a um maior entendimento dos seus actos. Não que diminua o interesse, apenas reduz um pouco o ritmo de leitura.

Esta obra acaba por cair naquele que me parece um dos temas mais recorrentes da literatura nórdica, que muito está na moda desde o Millenium de Stieg Larsson, o policial que assenta num "herói" carismático e tem como "maus da fita" elementos da extrema direita. Onde é que este livro acaba por se destacar? Na descrição de Portugal, da sociedade e acontecimentos que retratam os anos do início da crise que estamos ainda a atravessar. É aquele prazer de conseguirmos identificar as referências que ao autor vai dando, aquela sensação de sabermos ao pormenor aquilo que ele está a retratar.

Em resumo foi um livro que me agradou, de uma leitura fácil, descomplexada, com capítulos bastante curtos o que ajuda bastante a um ritmo de leitura elevado, apenas tenho a apontar que achei o final um pouco apressado, acho que merecia mais desenvolvimento. O caso foi parecendo demasiado complexo para a rapidez como foi resolvido e explicado.

Para aqueles que têm o complexo dos autores portugueses contemporâneos, é um livro interessante para pegarem.

Nota (escala 1 a 10): 7
TheKhan

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Dei-te o Melhor de Mim



















Autor: Nicholas Sparks
Colecção: Grandes Narrativas
Editora: Editorial Presença
ISBN: 978-972-23-4704-4
Nº de Páginas: 304

Sinopse:
Na primavera de 1984, dois adolescentes norte-americanos, Amanda Collier e Dawson Cole, envolvem-se na intensa vivência do primeiro amor. Apesar de pertencerem a mundos diferentes na pequena cidade de Oriental, na Carolina do Norte, o seu amor um pelo outro parece-lhes suficientemente poderoso para enfrentar todos os desafios. Mas quando o verão de seu último ano da escola secundária chega ao fim, acontecimentos imprevistos colocam os dois jovens em trajetos irremediavelmente divergentes. Vinte e cinco anos mais tarde, a morte do único amigo que os protegera reúne-os de novo na cidade natal. Confrontados com dolorosas memórias e um sentimento que se revela intacto, que sentido dar agora a um amor que nunca poderia mudar o passado?

Opinião:
Este não é o primeiro livro do Sparks que leio. É um autor que sigo há vários anos. Já li bastantes livros dele, mas cheguei a um ponto que resolvi parar por uns tempos, por achar que o autor se estava a repetir um pouco.  Resolvi voltar a dar-lhe outra oportunidade e ainda bem que o fiz. 

Em Dei-te o Melhor de Mim, Nicholas Sparks conta-nos uma bela história de amor. Um amor impossível entre dois adolescentes que são forçados a separarem-se devido a vários acontecimentos, e seguem vidas diferentes. Passado 25 anos, Amanda e Dawson encontram-se, e descobrem que o amor que sentiam um pelo outro ainda existe.

Assim, resumido desta forma, não parece nada de especial. Mais um livro lamechas. Mas não é. O autor escreve uma história com profundidade, com um sentido real. As personagens marcam-nos por serem credíveis e por não serem perfeitas.

Sparks envolve-nos numa história com vários acontecimentos, com descrições brilhantes e envolventes, com algo de mágico ou sobrenatural, narrada pela perspectiva de várias personagens, que contribuem para uma história linda e comovente.

Não posso acabar a minha opinião sem referir uma coisa que me chateava nos livros de Nicholas Sparks, e neste livro, verifiquei que ele continua a fazer... atenção ao spoiler: porque é que há-de morrer sempre um personagem principal?? No entanto, gostei bastante de ler este livro. Achei o final bastante imprevisível, e um pouco inquetante. É um livro que nos faz pensar nas escolhas que fazemos e nas suas consequências.

Nota (escala de 1 a 10): 7
IrishGirl