quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

60 Voitures des années 60

















Desenhos: Jidéhem
Textos: Jacques Wauters
Editora: La Sirène
Páginas: 123

Língua: Francês
ISBN: 9782884613637



Sinopse:
Les années 60... vous vous en souvenez ? Bien avant la crise du pétrole, les limitations de vitesse et les bouchons monstres, l'automobile faisait encore rêver. Jaguar présentait sa Type E, Chrysler étudiait une voiture à turbine et Citroën confortait son avance avec sa DS sans cesse perfectionnée. Chaque semaine, dans les pages du journal Spirou, un petit personnage en combinaison de mécano dessiné par Jidéhem faisait découvrir à ses lecteurs - petits et grands - les dernières nouveautés de l'industrie. Son nom : Starter. De la MGB à la Ford Mustang, de l'Ami 6 à la Ferrari GTO, 60 voitures des années 60 - une sélection de ses meilleures chroniques - est une invitation à retrouver cet âge d'or.

Opinião:
Serve este comentário para apresentar um álbum que adquiri já há alguns anos. Este não é um livro para se ler de uma ponta a outra, mas sim para de vez em quando, retirar da estante, folhear e ler algum dos seus artigos.

Este álbum é uma compilação de 60 artigos da rubrica automobilística do Jornal Spirou. Starter, um pequeno mecânico de grafismo original de André Franquin, apresentava semanalmente as grandes novidades da indústria automóvel. De 1957 a 1978 Jidéhem realizou mais de 700 artigos dos quais este livro apresenta uma selecção.

Os artigos eram escritos para um público alvo jovem, são interessantes, apesar de bastante técnicos, são bastante acessíveis juntando um certo humor e jovialidade aos cilindros, árvores de cames e carretos.

Mas o melhor são sem dúvida nenhuma os desenhos. Jidéhem faz passar para o papel imagens das viaturas da época, com uma precisão e um detalhe ao mais alto nível, inserindo-as em paisagens muito bem conseguidas e acompanhadas pelo Starter e outras personagens de ar simpático.

Fica aqui um Renault 4:
Starter terá sido o precursor dos artigos de opinião e ensaio das revistas de automóveis. É essa a sensação com que ficamos quando folheamos este álbum, com a diferença que os desenhos de Jidéhem dão um toque especial de beleza.

Para qualquer amante de automóveis e banda desenhada é um livro que dá gosto ter na estante.

 
 
"Prenez place et laissez vous guider sur la route des souvenirs. Contact!"

TheKhan

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Téméraire - O Trono de Jade

















Autor: Naomi Novik

Editora: Editorial Presença
Páginas: 332
ISBN: 978-972-23-4023-6
Colecção: Temeraire Series Book 2 of 9

Sinopse:
Will Laurence e o seu magnífico Téméraire encontram-se em grandes apuros. Na longínqua China, descobriu-se finalmente que o ovo destinado a Napoleão caiu nas mãos erradas, e agora uma imponente embaixada deslocou-se à Grã-Bretanha e não pretende ir-se embora sem recuperar um dos seus dragões mais raros e valiosos. É assim que Laurence e Téméraire iniciam uma longa viagem para o Extremo Oriente, porém mal fazem ideia daquilo que os espera na corte do Imperador… Conseguirá o leitor acompanhá-los nesta aventura?

Opinião:
Dando seguimento ao Dragão de Sua Majestade, iniciei a leitura de O Trono de Jade, aproximadamente um ano depois da leitura do primeiro episódio.

Não sei se é por começar a ter uma memória não tão fresca como anteriormente, mas confesso que tive bastante dificuldade em identificar as personagens, não as principais, mas as complementares, neste livro. Na realidade não me parece que seja apenas culpa da minha memória, mas também porque a autora introduz os vários personagens de uma forma demasiado directa, ou direi vaga, pois nomeia-os na história, sem nos relembrar minimamente qual o seu papel na trama.
Passei o primeiro terço do livro a tentar recordar que importância tiveram estes no livro anterior, até que desisti, pois a maior parte deles pareceram-me pouco mais do que meros peões.

O livro evolui, tal como indica a sinopse, durante uma longa viagem ao Extremo Oriente, e longa é o termo correcto, pois não evolui mas sim arrasta-se ao longo dessa viagem que peca em acontecimentos que nos prenda ao livro.

Ao contrário da obra anterior que se movia à volta do crescimento de Temeraire e do seu relacionamento particular com Laurence, este foca-se maioritariamente em dois pontos distintos. O choque cultural entre os Ingleses e Chineses e, não esquecendo a origem marítima de Laurence, a vivência num barco de guerra na época napoleónica.

Se o tema marítimo não é apresentado de uma forma verdadeiramente apelativa, o choque cultural alcança uma profundidade que vai bem além do dos humanos.
A passagem pela costa africana serve de chamada de atenção para o paralelo entre escravidão humana, com os diferentes tratamentos/relacionamentos existentes entre os chineses e ingleses, com os dragões.

Sendo este o tema principal deste livro, sofre de um desenvolvimento com um ritmo demasiado passivo ao longo da maior parte da obra, mas que ganha maior vivacidade no final do livro, recuperando assim algum do interesse que se obtem com a primeira obra.

Se este fosse o primeiro livro da colecção, talvez não tivesse sentido interesse em continuar a mesma, sendo o segundo, é na minha opinião um passo atrás em qualidade, mas vamos esperar que o terceiro livro devolva alguma da vivacidade perdida.

Nota (escala 1 a 10): 6 pela qualidade das 2 personagens principais senão seria 5.
TheKhan

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Juliet Marillier





Foi graças à Juliet Marillier que comecei a gostar de fantasia. Talvez por ter raízes celtas, que a influenciaram muito nas suas histórias, tenho quase a certeza que ela tem sangue de elfo ou de outros seres encantados, que povoam as florestas da Irlanda. Para mim, a Juliet tem qualquer coisa de mágico na maneira como escreve. É a única escritora que tem a capacidade de me fazer andar sempre a pensar na história do livro, ou nas personagens, e que me faz esquecer de tudo o que me rodeia. Com os livros da Juliet, quero sempre ler mais e mais, e no entanto, ao mesmo tempo não quero avançar, porque depressa chego ao fim e fico com uma pena enorme de saber que aquele mundo mágico acabou. É sempre um grande dilema para mim. Fico sempre com saudades.
A escrita é bastante fluída, bem estruturada, são histórias narradas na primeira pessoa, com personagens fortes, bem construídas, com uma profundidade que as torna tão próximas de nós. A Juliet é verdadeiramente uma contadora de histórias fantástica e espectacular.

Comecei por ler A Filha da Floresta que é o 1º livro daquilo que foi inicialmente uma trilogia, a trilogia de Sevenwaters. Esta Trilogia é constituída  por A Filha da Floresta, o Filho das Sombras e A Filha da Profecia. Posteriormente, por motivos editoriais, escreveu O Herdeiro de Sevenwaters e A Vidente de Sevenwaters. Li, também As Crónicas de Bridei, que também é uma trilogia constítuida por O Espelho Negro, A Espada de FortriuO Poço das Sombras. O Sangue do Coração é uma história independente, não está ligada a nenhum dos livros anteriores, mas é também um excelente livro.
Nota-se uma alteração na escrita a partir do Herdeiro de Sevenwaters, porque foram livros escritos "a pedido" da editora, para serem mais Young Adults, e por isso perde-se um pouco do brilho que os outros têm.

Vou deixar aqui, apenas a minha opinião dos meus livros preferidos da Juliet Marillier.

Opinião:
A Filha da Floresta conta-nos a história de uma rapariga, a Sorcha, e dos seus seis irmãos, Liam, Diarmid, Cormack, Conor, Finbar e Padriac, que vivem num lugar, na velha Irlanda, rodeado de florestas encantadas e seres mágicos. Presos num feitiço lançado pela madrasta, os seis rapazes ficaram transformados em cisnes, e cabe a Sorcha, sem poder falar com ninguém, libertar os irmãos do feitiço. Porém, a meio da tarefa, Sorcha é raptada por inimigos e levada para uma terra longínqua.
Este livro não começa por ser uma história de amor, mas acaba por o ser. É uma história de amor, entre irmãos e entre duas pessoas com interesses e vidas diferentes. É uma história de coragem, onde uma criança é obrigada a crescer pelos piores motivos, e tornar-se adulta. É também uma história de amizade. Este livro fez-me sorrir, chorar, e reflectir nas mensagens profundas que transmite.

O Filho das Sombras é a continuação da Filha da Floresta, onde as personagens principais são os filhos de Sorcha e Red. A Irlanda está agora em guerra e as costas são atacadas por inimigos. Liadan, herdou os talentos curativos da mãe e os espíritos da floresta avisam-na que para ganharem a guerra e as ilhas sagradas, ela não poderá sair de Sevenwaters. Entretanto, Liadan é capturada pelo Homem Pintado, que é um feroz e terrível mercenário. Porém, este acaba por se revelar completamente diferente do que as pessoas contam. Liadan tem a tarefa de evitar que a maldição caia sobre Sevenwaters, e ao mesmo tempo vai tentar ser feliz.
Com este livro, fiquei a adorar ainda mais esta escritora. Mais uma vez leva-nos para um mundo mágico, envolve-nos na teia de acontecimentos, rimos, choramos com as personagens e simplesmente não podemos largar. Liadan e Bran são para mim, junto com Sorcha, personagens fantásticas, profundas, exemplos de coragem e esperança.

As Crónicas de Bridei passam-se na Escócia no século VI. São baseadas em histórias reais sobre os pictos que viveram na Escócia antiga, antes de serem completamente cristianizados. O Espelho Negro conta-nos a história de uma rapaz de quatro anos que é enviado a Broichan, um poderoso druida do reino de Fortriu, com quem aprenderá a ser um homem erudito, um estratega e um guerreiro. Bridei desconhece que a sua formação obedece ao desígnio de um concelho secreto de anciãos e que está destinado a desempenhar um papel fundamental no destino do instável reino de Fortriu. Entretanto, aparece na vida do rapaz, uma menina especial, Tuala, com quem ele se identifica logo em criança mas, que mais ninguém gosta. Estas duas crianças crescem, amadurecem e lutam contra tudo e todos para serem felizes. A Espada de FortriuO Poço das Sombras são a evolução/continuação do primeiro livro.
Gostei mais do segundo e do terceiro livro, porque o primeiro é muito parado, sendo por vezes difícil envolver-nos completamente, como é habitual nos livros da Juliet. Funciona como uma introdução à história. No segundo livro, a história é mais romântica e transmite-nos a lição que devemos sempre lutar pelo que queremos, contra tudo e contra todos. O Poço das Sombras, para mim é o melhor dos três. Adorei as personagens. Faolan, junto com Eile, são personagens que nos marcam, com personalidade forte, que às vezes pensamos se não serão mesmo reais. Com muita mais acção, sempre bem encadeada, toca no coração e envolve-nos de uma maneira que é impossível largar o livro antes de acabar. Ensina-nos a nunca desistir, mesmo quando tudo parece mau à nossa volta. Transmite esperança, força e coragem.
A única coisa de negativo nesta trilogia foi a tradução. No entanto, nota-se já no terceiro, uma melhoria.

Nota (escala de 1 a 10): Para A Filha da Floresta, O Filho das Sombras e O Poço das Sombras sou obrigada a dar 10. Aos restantes dou 8.

IrishGirl

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Zits - Não te Ponhas com essa Cara



 
Autor: Jerry Scott e Jim Borgman
Editora: Gradiva
Páginas: 128
ISBN: 978-989-616-433-1
Colecção: Zits nº15

Sinopse:
As personagens dispensam apresentações. As peripécias e o humor também. Mais um álbum da famosa série Zits, dos autores que conhecem como ninguém os meandros da cultura dos adolescentes e das conturbadas relações entre os pais e os filhos «naquela idade».
Gargalhadas garantidas.
 
Zits de Jerry Scott e Jim Borgman já foram publicados em mais de 1500 jornais internacionais e estão agora disponíveis em livros traduzidos em várias línguas. O humor subtil e, tantas vezes, corrosivo dos autores retrata bem o conflito de gerações entre pais, que viveram numa outra conjuntura histórica, e filhos que vivem na conjuntura da Globalização das novas tecnologias e do consumo desenfreado. A forma sarcástica como o protagonista, Jeremy, é representado faz-nos, muitas vezes, compreender com boa disposição as angústias e as indecisões de muitos adolescentes e os constantes conflitos com os seus pais. A falta de comunicação é-nos apresentada como um dos problemas que subjaz a estas situações de corrente conflitualidade parental.

Opinião:
Desde a edição de Amuado, Aluado, Tatuado, (Coitado...) em final de 2007, o Zits nº 12, que tivemos de esperar por meados de 2011, para vermos editada nova compilação de tiras originais de Zits neste álbum nº15. Isto porque os livros nº 13 e 14, foram compilações temáticas de tiras já editadas em álbuns anteriores.

A espera foi longa, mas pelo Jeremy Duncan vale sempre a pena. Jeremy é tudo o que os adolescentes têm de melhor e de pior, o que pensando bem... é a mesma coisa.

Zits, que traduzindo significa borbulhas, é uma série de tiras de BD que começou a ser editada em 7 de Julho de 1997, passando já por mais de 1500 jornais e que se mantém em publicação.

Jeremy é um adolescente que ao longo da série já cresceu, passou dos 15 para os 16 anos. A grande diferença é que já conduz... como se não desse já preocupações a mais aos seus pais, Connie e Walt. As personagens complementares continuam lá, Hector o melhor amigo, mas que por acaso, me perece que tem aparecido com menos frequência, Pierce o rapaz dos "milhares" de piercings (que tem neste álbum as tiras mais hilariantes, a meu ver, nada de spoilers, vejam a página 24), Sara, a namorada que deixa de ser e volta a sê-lo várias vezes ao longo da série, D'ijon a namorada de Pierce e Richandamy o casal de namorados mais "uno" da história, entre outros.  
 
Normalmente não sou um grande adepto das personagens principais das obras, mas neste caso é diferente, adoro o Jeremy, é um óptimo exemplo, a sério, não que os meus pais alguma vez merecessem que eu fosse assim com eles, mas existem tantas outras pessoas no mundo, que hoje já longe da adolescência, tanta vontade me dão de lhes responder à "Jeremy".
 
Quanto a este álbum em si, nem é melhor nem pior que os outros. É mais do mesmo e isso é bom. Que os autores tenham inspiração suficiente para manter viva esta série, o que não será fácil pois os temas não são muito vastos, mas que para já vai sendo óptimo para dar umas boas gargalhadas.
 
Aproveito para deixar uma tira como aperitivo:


Sei que no passado esta série foi publicada no Jornal de Notícias. Como não sou comprador do jornal, muito sinceramente não sei se ainda se mantém. Se alguém for capaz de o confirmar, fica aqui desde já o meu agradecimento.
 
Os livros são editados nos EUA em dois formatos diferentes, os Sketchbooks de 128 páginas como este, normalmente com tiras originais excepção feita aos dois álbuns mencionados acima e os Treasuries, livros maiores, que em norma são dois sketchbooks num álbum só mas, e isto era interessante que a Gradiva tivesse em conta, existem dois Treasuries que foram editados em 2009 e 2012 respectivamente, de tiras originais com os títulos de My Bad (ISBN 978-0740780905) e Triple Shot, Double Pump, No Whip (ISBN 978-1449423100) e que os fãs da série em Portugal certamente ficariam gratos se fossem por cá editados.




Nota (escala 1 a 10): 8, não para este livro em especial, mas para a série toda.
TheKhan

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A Oeste Nada de Novo

Autor: Erich Maria Remarque
Editora: Edições Saída de Emergência
Páginas: 183
ISBN: 9-789896-373542

Sinopse:
Nas trincheiras, os rapazes começam a tombar em combate um a um...
Em 1914, um professor chauvinista leva uma turma de estudantes alemães - jovens e idealistas - a alistar-se para a «guerra gloriosa». Todos se alistam, movidos pelo ardor e pelo patriotismo próprios da juventude. Porém, o seu desencanto começa durante a recruta brutal. Mais tarde, ao embarcarem no comboio de campanha que os levará à frente de combate, vêem com os próprios olhos as feridas terríveis sofridas na linha da frente... É o seu primeiro vislumbre da realidade da guerra.
 
Opinião:
A Oeste Nada de Novo, é um dos livros mais brutais e depressivos que já tive oportunidade de ler, mas é ao mesmo tempo uma leitura fantástica, que nos leva à reflexão e que faz parte daquele conjunto de obras que, um dia mais tarde, tirarei da estante para voltar a ler.
 
A obra narra a Primeira Guerra Mundial aos olhos de Paul Bäumer, um soldado alemão de 19 anos. Remarque, ele próprio um combatente nessa guerra, foi perseguido pelo Regime Nazi e viu as suas obras banidas e publicamente queimadas, sendo o livro aqui analisado considerado um acto de traição contra os soldados alemães que combateram na frente.
 
O livro não transmite nada ao nível de estratégia militar, movimentações políticas ou pretende evocar qualquer acontecimento histórico em particular. O livro é simplesmente sobre o lado humano da guerra.
 
Com uma escrita directa e alucinante, Remarque descreve-nos todos medos, horrores e dúvidas por que passam os combatentes. A total perda de inocência, as mazelas físicas e psicológicas sofridas por todos os que estiveram na frente de batalha, aqui caracterizadas pelas duas dezenas de alunos de uma turma que um professor chauvinista incitou a alistarem-se.
 
Não se fala sobre actos heróicos, mas sim de sobrevivência, o matar para não ser morto, entre homens que não desejam ali estar. Homens que noutra circunstância poderiam estar a partilhar uma bebida num bar mas que se matam sem piedade, em obediência a governantes que pacatamente organizam as suas operações longe das trincheiras, dos obuses e das granadas.
 
O livro, pelas palavras de Remarque descreve uma geração destruída, desde os que perderam a vida aos que sobreviveram aos bombardeamentos. Para os sobreviventes, a brutal perda de inocência, provocada pelos acontecimentos da guerra, torna a sua condição uma muito ténue consolação ao não fazerem parte da lista dos mortos. Fisicamente poderão estar vivos mas a sua identidade ficou esmagada algures num campo de batalha, os sonhos foram destruídos e o passado que não poderá ser o futuro, não passa de um pesadelo daquilo que poderia ter sido mas nunca o será, porque o rapaz que se alistou não é o homem que sai da guerra. O leitor colocando-se na pele de Bäumer questiona-se sobre qual destes destinos será preferível.
 
A escrita de Remarque, prende de tal maneira que quase conseguimos visualizar o desenrolar da acção pelos olhos do narrador. Cada acto, cada movimento, cada decisão leva-nos a  reflectir no que faríamos se fossemos nós naquela condição.
 
É preciso estômago para se conseguir ler esta obra, mas para quem o tem, é um livro obrigatório, o qual recomendo vivamente e não consigo apontar qualquer aspecto negativo.
 
Nota (escala 1 a 10): 8
TheKhan


domingo, 17 de fevereiro de 2013

Téméraire - O Dragão de sua Majestade





Autor: Naomi Novik

Editora: Editorial Presença
Páginas: 288
ISBN: 978-972-23-3984-1
Colecção: Temeraire Series Book 1 of 9


Sinopse:

Imagine-se o leitor em pleno decurso das Guerras Napoleónicas. Com uma ligeira alteração... os combates travam-se, não somente em terra ou no mar, mas também... nos céus. Num tempo alternativo, o planeta é compartilhado por duas espécies igualmente inteligentes: os humanos e os dragões. Estes associam-se aos homens quando à nascença recebem o arnês das mãos de um deles, criando um vínculo quase simbiótico que perdura ao longo das suas vidas. Seres magníficos e poderosos, além de capazes de voar, os dragões transportam toda uma tripulação de aviadores, acrescentando um devastador contributo às batalhas. Foi assim que o capitão Will Laurence viu a sua vida mudar de um dia para o outro quando abalroou uma fragata francesa e capturou um ovo de uma espécie muito rara de dragões, oferta do Imperador da China ao próprio Napoleão. Peter Jackson, o realizador de O Senhor dos Anéis, adquiriu já os direitos para o cinema desta inovadora epopeia fantástica.

Opinião:

Quando me falaram deste livro e em dragões no meio da guerra napoleónica, fiquei muito desconfiada. “Mas o que é que vai sair daqui??” Pensei eu. Acontece que eu adoro dragões, aliás um dos meus sonhos é ter um dragão só para mim! (Vá-se lá saber porquê…). Comecei a ler o livro um pouco reticente, mas depressa fiquei agarrada. Este é primeiro livro de vários já escritos pela autora, mas cá em Portugal, apenas estão editados três.

A história começa a bordo de um navio francês que foi conquistado pelos britânicos. Estes encontram um ovo de dragão prestes a chocar. Não havendo nenhum aviador ou especialista em dragões entre os tripulantes do navio, estes ficam um pouco atrapalhados. Ninguém quer a vida de um tratador de dragões, porque eram vistos na sociedade da época, como pessoas diferentes e sem vida pessoal. Mas o próprio dragão escolhe o capitão Laurence para ser o seu aviador. A história desenvolve-se com a aprendizagem do dragão e do seu piloto do mundo da Força Aérea.

A escrita é bastante fluída. As personagens são elementos fundamentais desta história, porque são eles que nos agarram, com as suas características únicas, tanto os humanos como os vários dragões.

Não sendo eu uma apreciadora de livros de guerra, tive alguma dificuldade em visualizar algumas cenas de batalha aérea. Não por causa da descrição das cenas em si, mas por falta de conhecimento meu sobre o assunto.

Em resumo, acho que está um livro diferente, uma história bem conseguida, onde se junta a história como a conhecemos com um pouco de fantasia.

Nota (escala 1 a 10): 6
IrishGirl


Opinião:
A decisão de comprar este livro foi minha. As guerras napoleónicas são um dos conflitos armados dos quais mais gosto de ler. Não só por terem passado por Portugal, como por ter "personagens da história" que acho fascinantes, desde o  Imperador Napoleão ao Almirante Nelson.

A mistura da fantasia (dragões) com a realidade fez-me, no primeiro ano que vi o livro, despertar alguma curiosidade mas resolvi passar por ele. Ao segundo ano comprei-o.

A ideia é bastante original. A nível militar, no fundo é dotar as guerras napoleónicas de uma força aérea militar uma centena de anos anterior à sua estreia na I Guerra Mundial. Mas estes "aviões" não são máquinas, mas sim dragões com personalidade e inteligência.

Já li este livro há mais de um ano. Lembro-me que gostei muito do relacionamento entre o dragões e os seus Capitães respectivos, em particular a aprendizagem e ligação crescente entre Téméraire e Laurence.

O livro é bastante descontraído, e apesar de viver à volta de uma guerra descreve o assunto de uma forma muito leve.

Claro que compramos o livro seguinte.

Nota (escala 1 a 10): 7
TheKhan

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Os Pilares da Terra















 
 
Autor: Ken Follett
Editora: Editorial Presença
Páginas: 498 + 596
ISBN: 978-972-23-3788-5 e 978-972-23-3819-6
 
Sinopse:
Na Inglaterra do século XII, Tom, um humilde pedreiro e mestre-de-obras, tem um sonho majestoso – construir uma imponente catedral, dotada de uma beleza sublime, digna de tocar os céus. E é na persecução desse sonho que com ele e a sua família vamos encontrando um colorido mosaico de personagens que se cruzam ao longo de gerações e cujos destinos se entrelaçam de formas misteriosas e surpreendentes, capazes de alterar o curso da história. Recheado de suspense, corrupção, ambição e romance, Os Pilares da Terra é decididamente a obra-prima de um autor que já vendeu 90 milhões de livros em todo o mundo.
 
Opinião:
Os Pilares da Terra, obra mais famosa de Ken Follett, já adaptada à televisão, é editada em Portugal pela Presença em dois volumes. Esta crítica será feita à obra completa.
 
Em jeito de introdução, refiro que não vi a série. Temos, aqui falo pelos 2, por norma adiar as versões tv/cinema, para ver apenas após termos lido as obras que nos interessam.
 
Os Pilares da Terra não foi o primeiro livro que li de Follett. No ano passado li o Voo Final e gostei bastante. Passo seguinte, ler a sua obra de maior relevo. Sendo eu agnóstico, ler um livro sobre a construção de uma catedral não é à partida o tema mais apelativo mas, se a obra é boa lemos sobre qualquer assunto.
 
O livro em si é bom, mas na minha opinião, não é uma obra-prima. É um livro no qual a sua extensão simboliza o tempo de construção de uma catedral, e apesar das suas 1100 páginas lê-se rapidamente, pois tem uma escrita muito fluída, sem grandes floreados, parágrafos curtos e muitos diálogos.
 
O aspecto mais positivo é que nos consegue manter interessados do princípio ao fim. A história gira à volta de um número relativamente pequeno de personagens e Follett consegue transmitir sentimento através delas. O leitor gosta ou não delas, mas certamente não lhes fica indiferente. São é, parece-me, demasiado estereotipadas e não se verifica grande evolução nas suas personalidades ao longo da obra.
 
Uma obra com esta extensão tem os seus perigos, e o autor cai no erro de ir preenchendo o livro com espaçados momentos marcantes, que em virtude do conhecimento que vamos ganhando do carácter das personagens tornam-se, lá para meio do livro, demasiado previsíveis e por vezes parece que andamos a oscilar de acontecimentos em que tudo corre bem para outros em que tudo corre mal. São tão marcantes esses momentos, que ficamos a pensar no que se passará nos hiatos temporais não descritos no livro. Dá a sensação de hibernação na vida das personagens durante esses períodos.
 
Um destaque para os meus momentos favoritos. Os "milagres" religiosos são absolutamente deliciosos.
 
O momento que mais me desagradou, e já tendo conhecimento da carga sexual nas obras de Follett, nesta ele conseguiu criar o "salto para a cama de outra" mais rápido e incompreensível que já li (não digo mais por causa dos "spoilers"). E sim Ken já sabemos que a Aliena tem uns peitos grandes, não é necessário estares a lembrar 30 em 30 páginas.
Imagino a dificuldade que não terá tido o autor em escrever uma obra na qual a personagem principal leva o celibato e a castidade ao extremo.
 
Apesar de ter gostado da leitura, não me sinto para já tentado a ler a continuação (O Mundo sem Fim). Irei sim investir numa das suas obras do género policial de espionagem, que é onde me parece que o autor se sente mais à vontade.

Nota (escala 1 a 10): entre 6 e 7, portanto 6,5

TheKhan

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

O Livro do Amanhã


Autor: Cecelia Ahern
Editora: Editorial Presença
Páginas: 280
ISBN: 978-972-23-4621-4

Sinopse:
Tamara Goodwin tem dezasseis anos e vive confortavelmente numa mansão moderna com seis quartos, habituada a ter tudo o que quer quando quer. Mas, quando o pai morre deixando inúmeras dívidas, Tamara e a mãe não têm outra alternativa senão vender tudo e ir viver com parentes para um lugar distante e isolado junto ao castelo de Kilsaney. Para Tamara o choque parece inultrapassável, até que um dia uma biblioteca itinerante chega à vila trazendo consigo um misterioso livro encadernado a couro e fechado com um cadeado dourado…

Opinião:
Começo por dizer que adoro esta autora. Gosto dos mundos de fantasia misturada com a realidade que ela cria. Faz-nos sempre pensar que no nosso mundo real, se quisermos, também pode existir alguma magia.

Este livro conta-nos a história de Tamara, uma adolescente mimada, rebelde que nunca teve falta de nada na vida. Com a morte do seu pai, perdeu tudo, sendo obrigada a viver com a mãe numa terrinha pequena no meio do nada, com familiares estranhos. Cedo, começa a perceber que existem muitos segredos e mistérios que todos tentam encobrir. Curiosa, com a intenção de ajudar a mãe, e com a ajuda do Livro do Amanhã, que encontra numa biblioteca, vai tentar descobrir o que tanto escondem.

Transcrevo aqui um pequeno excerto que achei delicioso e penso que transmite o que nós “leitores compulsivos” sentimos pelos livros.

(...) os livros estão lá, quase por magia, ansioso por que as pessoas lhes peguem. A pessoa certa para o livro certo. É como se eles já soubessem de que vida precisam fazer parte, como podem fazer a diferença, como podem ensinar uma lição, por um sorriso num rosto no momento certo. Agora penso nos livros de um modo diferente."

É um livro que nos agarra e não o podemos largar sem descobrir o segredo escondido. Surprendeu-me ver a forma como uma personagem adolescente, que era fútil e egoísta, cresceu ao longo da história, como analisou a própria vida, tirando daí lições importantes para o futuro.

É uma leitura muito agradável, que nos obriga a reflectir sobre certos aspectos da vida.

Recomendo!

Nota (escala 1 a 10): 7

IrishGirl

Au Nom du Fils - Michel Vaillant

















Argumento: Phillipe Graton e Denis Lapière
Desenhos: Marc Bourgne e Benjamin Benéteau
Editora: Graton Editeur/Dupuis
Páginas: 56

Língua: Francês
Colecção: Michel Vaillant Nouvelle Saison nº1
ISBN: 978-2-8001-5420-6


Sinopse:
C'est le grand retour de Michel Vaillant, le pilote-vedette des plus grands circuits internationaux. Confronté aux nouveaux enjeux sportifs et technologiques, le clan Vaillant doit faire face aux évolutions de l'industrie automobile, mais aussi aux mutations de la société.
Trois générations d'hommes et de femmes ont désormais en main le destin de l'entreprise, dont le tout premier challenge est de renouer avec la victoire, en débutant par le WTCC, le très disputé championnat du monde des voitures de tourisme. Et de sauver la cohésion familiale, malgré les convictions contradictoires des uns et des autres.


Opinião:
Foi com um misto de preocupação e alegria, que a meio de 2012 descobri que iria ser editada uma nova série de livros de Michel Vaillant. As notícias indicavam que a fórmula seria reinventada, o jovem Michel que se bateu contra os grandes campeões desde Fangio a Schumacher, finalmente envelheceu.
Os primeiros desenhos que vi, vou ser sincero, não me agradaram, não reconheci o bom Michel de linhas angulosas de antigamente.
Obviamente que seguidor de longa data da série, mal vi o livro nas prateleiras comprei-o imediatamente.
Ao princípio estranha-se, e muito, as diferenças são notórias no traço. Podem comparar com o post anterior, o antigo com o novo Michel Vaillant:

Há alguns traços reconhecíveis que ainda lá estão, especialmente o característico cabelo que teimosamente cai para a testa. Mas há personagens que estão ainda mais irreconhecíveis como Jean-Pierre ou Élisabeth a mãe Vaillant. Todos envelheceram, a família Vaillant é agora composta por três gerações adultas.
Michel continua a ser o piloto, mas dá a sensação de estar numa fase final da sua carreira. Jean-Pierre já não está só no comando técnico da marca e da equipa Vaillante, é agora acompanhado pelo seu brilhante filho Jean-Michel. O filho de Michel e Françoise será uma personagem importante na trama.
O argumento adapta-se às novas realidades económicas e tecnológicas. A mudança mais notória é que a família Vaillant torna-se mais realista, os seus problemas mais mundanos.
O livro é consistente, a história é bem construida, o que se torna um passo em frente em relação aos albuns anteriores, algo pobres e cheios de clichés ou fórmulas demasiado repetidas.
O desenho divide-se em duas partes. A cópia do real está irrepreensivel como sempre se espera dos albuns Vaillant, os circuitos, as viaturas de estrada, os WTCC e os F1s estão fieis aos originais. Quanto à ficção, as personagens requerem habituação, talvez no terceiro ou quarto album o traço fique mais consistente e nos faça esquecer os desenhos anteriores. Quanto à viatura Vaillante, na minha opinião é o ponto fraco deste primeiro album, falta-lhe espectacularidade, falta ser o carro de sonho que todos esperamos.
Em conclusão, é bom ter o Michel Vaillant de volta. Para um leitor que pega na série sem conhecimento da anterior, tem uma BD consistente, com automoveis, velocidade e com uma interessante trama fora das pistas. Para o leitor Vaillant assíduo, tem um livro que corta bastante com os anteriores mas não radicalmente. É estranho mas não choca, não nos faz largar o livro ao fim de 5 páginas com ideias revivalistas. Que venha o próximo. Há muita "matéria" que não apareceu neste primeiro livro que esperemos que nos seja apresentado nos próximos.


Um pequeno "cheirinho" para aqueles que como eu gostam dos "maus da fita":



Uma nota final, para a forte ligação que a série Michel Vaillant sempre teve com o nosso país. Na série anterior houve dois albuns passados totalmente em Portugal, para além de um outro passado em Macau, quando esta ainda era uma colónia Portuguesa. Fica já aqui a promessa que abordaremos estes albuns mais tarde, mas voltando ao album objecto de crítica, a passagem por Portugal está novamente presente. Aqueles que conhecem a fronteira do Algarve com Espanha devem reconhecer esta imagem:

Nota (escala 1 a 10): 6 não leva 7 porque ainda estou demasiado agarrado à série antiga e acredito que há margem para melhorar.
TheKhan

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Michel Vaillant

Praticamente desde que aprendi a juntar as letras que leio álbuns de Michel Vaillant.
Os automóveis foram a minha primeira paixão material, e que de melhor poderia haver na minha infância que livros de banda desenhada sobre carros e corridas?
Nos meus primeiros anos, coleccionei os Michel Vaillant editados pela Meribérica-Liber. Tinha todos com a excepção de um, A vingança de um piloto (La silhouette en colère), mas em 1989 estes deixaram de ser editados.
Os tempos eram outros, o acesso à internet era inexistente ou mais tarde limitado, e o meu conhecimento de Michel Vaillant ficou, durante alguns anos, por estes álbuns. Sempre suspeitei que haveriam mais até porque possuia dois livros, mais antigos, da Distri Editora, mas por mais que procurasse, no meu universo limitado, não havia maneira de encontrar novos livros.
Tudo mudou no ano de 1998. Com a abertura da primeira loja Fnac em Portugal, os horizontes alargaram-se, e qual não foi a minha alegria ao constatar nas suas prateleiras que a colecção Michel Vaillant não se limitava aos 23 livros que tinha em português mas sim, e até essa altura, 60 livros editados.
Foi a loucura... preparei-me para a leitura em francês (porque é que quando andava na escola achava estas aulas perfeitamente inúteis e não prestei mais atenção?) e rapidamente comecei a comprar os álbuns que me faltavam. Num ápice esgotei os existentes nas prateleiras da Fnac, a fase seguinte foi encomendá-los, intervalada por uma viagem a Paris, na qual sempre que via uma livraria entrava para procurar mais e mais livros Vaillant. Comprei tantos livros que tive de os espalhar pelas malas de todos para não exceder o peso no check-in.
Os anos foram passando e novos álbuns foram sendo editados, à razão de um por ano, até que após o nº70 (24 heures sous influence) editado em 2008, o nº71 tardou em aparecer.
Na realidade nunca apareceu, em Novembro de 2012 foi editado o primeiro álbum da segunda série Michel Vaillant.
Com Jean Graton, o autor original, a gozar uma merecida reforma (fará 90 anos em agosto deste ano), é com argumento do seu filho Phillipe e com uma renovada equipa de desenhadores que nasce esta nova série.
É em jeito de agradecimento ao Sr. Graton, que escolhi este livro para dar início às opiniões/críticas deste blog.

À Suivre...

TheKhan

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

O início...

E o que é isto? É apenas mais um blog onde se comentam os livros que se vai lendo, neste caso os livros que nós lemos.
E nós porquê? Porque somos 2, e somos 2 que de uma forma geral partilham os livros que lêem, 2 que começaram a ler mais assiduamente quando faziam longas viagens de comboio para se encontrarem. Sim, porque os 2 nem sempre se conheceram, nem sempre viveram juntos e nem sempre partilharam livros. Agora lêem livros como se fossem 1, o 1 casal que são.
Aqui dão-se opiniões. Os 2 têm cada 1 a sua, e você leitor, ou tu se fores da casa, tens a tua. Não se pretende impor opiniões, nem ofender ninguém. Se ninguém as ler, não faz mal. Se alguém, se sentir tentado a comprar um livro, após ler a nossa opinião e gostar de o ler, deixar-nos-á satisfeitos.
Neste blog haverá comentários a BDs, biografias, romances do tipo histórico, policial, romântico, fantasia, ficção científica, sem esquecer os Grandes Clássicos. Livros, que de alguma maneira nos chamaram à atenção, e nos fizeram comprá-los, e adicioná-los à nossa estante. Alguns já foram lidos e teremos de os recordar para os criticar, outros ainda aguardam pacientemente o dia em que lhes pegaremos, os leremos da primeira à última página, até que os devolvamos à estante e venhamos aqui partilhar a nossa opinião.