domingo, 26 de julho de 2015

O Filho de Thor



Autor: Juliet Marillier
Editora: Bertrand Editora
Páginas: 416
ISBN: 9789722518093

Sinopse:
Eyvind sempre quis ser um dos maiores guerreiros viquingues - um Pele-de-Lobo - e lutar pelo seu chefe em nome do deus Pai da Guerra, Thor. Não concebe outro futuro mais glorioso. Mas o seu amigo Somerled, um rapaz estranho e solitário, tem outros planos para o futuro. Um juramento de sangue feito na infância força estes dois homens a uma vida de lealdade mútua.A um mundo de distância, Nessa, sobrinha do Rei dos Folk, começa a aprender os mistérios da sua fé. Nem a jovem sacerdotisa nem o seu povo imaginam o que lhes reserva o futuro. Eyvind e Somerled parecem destinados a seguir caminhos diferentes. Um torna-se um feroz servidor de Thor e outro um cortesão erudito. Uma viagem chefiada pelo respeitado irmão de Somerled, Ulf, junta de novo os dois amigos, que acompanham um grupo de colonos que se vai instalar numa das ilhas maravilhosas do outro lado do mar. Quando um facto trágico acontece a bordo de um dos navios, Eyvind começa a suspeitar de que talvez não tenha sido um acidente.

Opinião:
Ler livros da Juliet Marillier é, para mim, sempre um prazer enorme. Estava ansiosa por ler esta saga. A Saga das Ilhas Brilhantes.

Neste primeiro volume, O Filho de Thor, a autora conta-nos uma história de Eyvind, que queria ser um dos maiores guerreiros viquingues e lutar em nome do seu deus Thor. Um juramento de sangue em criança com Somerled, um rapaz calado e estranho, obriga os dois rapazes a serem leais um ao outro para toda a vida. Os dois rapazes crescem e Eyvind, bom e puro de coração, torna-se Pele-de-Lobo, e Somerled, astuto e inteligente, num cortesão erudito. Embarcam os dois numa viagem para as famosas Ilhas Brilhantes, onde reside um povo chamado Folk, onde tudo vai mudar.

Mais uma vez, Juliet encanta-nos com as descrições de um local mágico e fantástico com personagens maravilhosas e fortes. Desta vez, a história é baseada no povo nórdico, os viquiques, e em toda a sua cultura.

Como é hábito nesta autora, o melhor das suas histórias são sempre as personagens. Não quer dizer que a envolvência e todo o ambiente não esteja adequado e bem descrito. Sabemos que faz muita pesquisa antes de criar estes lugares mágicos. Mas as personagens são o cerne de cada história. Eyvind é um homem bondoso apesar de ser guerreiro e tem poucas ambições. É incapaz de ver maldade nos outros e todos gostam dele. Já Somerled é oposto de Eyvind. É muito inteligente, astuto, invejoso e ambicioso. Nessa é uma mulher inteligente, de coração bom e muito corajosa. Depois de ver quase todo o seu povo e família a serem chacinados, é obrigada a passar de sacerdotisa a líder de um povo com todas as responsabilidades que o cargo acarreta.

A narrativa desenvolve-se, através do crescimento dos dois rapazes, a um ritmo perfeito, e prende-nos à leitura até ao fim. O enredo é envolvente transportando-nos para um mundo mágico e com muitos mistérios. 

Gostei imenso de O Filho de Thor. As personagens são todas magníficas. Desde Eyvind, com quem simpatizamos logo de início, a Somerled, que é na minha opinião detestável. Fiquei na dúvida, se é ele é assim por algum trauma de infância, ou se de facto, é mesmo mau. 

É um livro com descrições de algumas cenas bastante violentas, e por isso, mais adulto, que na minha opinião, valoriza a história. Não é uma violência gratuita, mas sim com o intuito de passar a imagem do que eram os viquinques. Esta “violência” é compensada por uma história de amor impossível, que nos encanta e faz com que fiquemos com pena de o livro acabar. Aliás, se há um ponto comum em quase todos os livros desta autora, são os personagens que nos deixam sempre com muita saudade e com vontade de os encontrar em histórias futuras. 

Nota (escala de 1 a 10): 8,5
IrishGirl

quarta-feira, 22 de julho de 2015

Astérix entre os Pictos

















Texto: Jean-Yves Ferri
Desenhos: Didier Conrad
Editora: Asa
Páginas: 48

Colecção: Astérix nº35
ISBN:
9789892324197

Sinopse: 
Desta vez, Astérix e Obélix vão ser chamados a demandar o território dos Pictos, esses povos da antiga Escócia conhecidos pelas suas qualidades de temíveis guerreiros e pelos seus múltiplos clãs, cujo nome, dado pelos Romanos, significa literalmente "homens pintados".

Na melhor tradição das aventuras do mais célebre de todos os Gauleses, Astérix entre os Pictos é pois uma viagem épica a um país rico em tradições, durante a qual os nossos heróis irão descobrir um novo povo, cujas diferenças culturais se traduzirão em piadas e trocadilhos memoráveis.

Opinião:
Não costumo comentar aqui todos os livros de BD que leio, por um lado porque são muitos, ando por exemplo a ler muitos dos Lucky Lukes que nunca li, por outro porque o tempo não é suficiente para escrever com a frequência necessária além de que uma BD de 48 páginas, se não for por uma razão especial gera opiniões pouco extensas.


Mas para este livro abro uma excepção devido à sua relevância. Astérix entre os Pictos é o primeiro dos livros do irredutível Gaulês a ser editado sem a participação directa de um dos seu criadores Uderzo. Ou seja a importância deste livro prende-se com o renascimento desta série.


No fundo acaba por ser a terceira vida de Astérix. A primeira foi a mais memorável, pois tinha a participação dos seus dois criadores. Até à morte de René Goscinny em 1977, 24 álbuns foram editados. Após a morte do génio que dava vida a estas personagens, bem como à melhor fase da série Lucky Luke, Uderzo continuou com a edição de Astérix, na qual fazia os desenhos bem como os textos com uma menor cadência e claro com uma qualidade também inferior. Goscinny é inigualável.

No final de 2008 Uderzo e a filha de Goscinny vendem os direitos que detinham de Astérix e em 2013 começa a terceira vida de Astérix com esta obra.

A expectativa era claramente grande. E devo dizer que se não é brilhante, também não é mau. Parece-me acima de tudo um bom começo. O argumento está interessante mas talvez peque por uma certa simplicidade. Os desenhos por outro lado estão excelentes. Conrad "imita" muito bem Uderzo.



Este livro tem aquilo que se espera de um Astérix, sempre recheado de humor e aventura. Os autores preocuparam-se em colar muitas das situações características dos álbuns ao longo dos anos, as discussões entre Astérix e Obélix, o típico encontro com os piratas, a repressão do bardo de serviço, o banquete final, entre outras que demonstram que é seu objectivo manter uma linha de continuidade na série, não rompendo com a fórmula de sucesso.

O que faltou para ser melhor? Na minha opinião a sensação que dá de ser um livro para um público muito jovem. Acima de tudo o humor está lá, mas falta o toque inteligente de Goscinny que tinha sempre um jeito especial em colar as situações engraçadas com a realidade do quotidiano e das variadíssimas nações visitadas pelos nossos heróis. A exploração do estereótipo que apesar de presente relativamente aos Escoceses neste livro, podia ter sido muito mais profunda. Espero que não seja o "politicamente correcto" a funcionar.

Venha o próximo, é bom ter a aldeia dos irredutiveis Gauleses de volta.

Nota (escala 1 a 10): 7
TheKhan


segunda-feira, 13 de julho de 2015

Kick-Ass 3

















Argumento: Mark Millar
Desenhos: John Romita Jr.
Editora: Marvel Publications
Páginas: 232

Língua: Inglês
ISBN:
9780785184881


Sinopse: 
The grand finale of Mark Millar and John Romita Jr.'s blockbuster! Hit-Girl is in jail, leaving Kick-Ass to lead the superhero team Justice Forever. But superheroes have been outlawed, leaving Kick-Ass and to dodge both cops and some terrifying new foes! For the first time, Kick-Ass begins to doubt. Is he in too deep to get out? Meanwhile, Hit-Girl starts running all the gangs in the joint, and a broken Red Mist gets an education from a terrifying crime boss. But when the new Skull and Bones vigilante team debuts and dissension hits Justice Forever's ranks, will Kick-Ass be able to fend off a coup? Plus: The flashback you've all been waiting for...the secret origin of Hit-Girl! How does little Mindy McCready earn her assassin stripes?

Opinião:
E assim termina a série Kick-Ass, felizmente.

Digo felizmente porque sinceramente com a leitura de Hit-Girl e Kingsman no intervalo de leitura entre Kick-Ass 2 e o 3 fiquei farto do argumentista, pois parece que o que escreve é sempre igual. Violência atrás de violência, seguida de violência.

De positivo há a referir que o autor dá um fim digno à série, respeitando assim os seus leitores. Apesar de ser mais do mesmo, quem gostou dos livros anteriores acabará por gostar deste por isso mesmo, é o fechar do capítulo.

Aqui encontramos Mindy McCready presa e como se espera a dominar completamente a prisão. Dois pormenores interessantes desta parte da história são a conversa com a sua mãe e o psiquiatra que a acompanha, que tem semelhanças extremamente óbvias com Walter White de "Breaking Bad".

Kick-Ass fica com a incumbência de em conjunto com os restantes vigilantes retirar Hit-Girl da prisão, o que se torna uma tarefa demasiado complexa para este bando de amadores. Kick-Ass parece até mais preocupado em recriar uma entrada famosa de Batman, do que retirar a sua companheira de combate a crime da situação em que se encontra.

Dave entretanto cresce, arranja uma namorada e mais com que se entreter, acabando assim por negligenciar o seu papel de vigilante.

Enquanto isso Red Mist reaparece, os habituais membros da máfia fazem parte dos maus da fita desta vez acompanhados por um novo gang, os Skull and Bones, que dão uma nova dimensão à maldade. Enquanto isso vamos acompanhando um vez mais a formação da Hit-Girl em jeito de flashback.

No final Hit-Girl naturalmente consegue fugir da prisão, Kick-Ass sente a necessidade de se juntar a ela para erradicar de vez os maus da fita e claro com muitas mortes violentas, o final da série aparece de uma forma aprazível que acima de tudo consegue fazer com que o leitor não dê por perdido o tempo que despendeu na sua leitura ao longo destes últimos anos, apesar do formato dos livros ter entrado um pouco em repetição.

Fazendo uma retrospectiva do mundo Kick-Ass, foi uma série que me entreteve e que fica como ponto alto o primeiro filme, isso sim uma obra de grande qualidade, dedo de Matthew Vaughn.

Nota (escala 1 a 10): 7

TheKhan

segunda-feira, 6 de julho de 2015

Campos da Morte
















 
Autor: Simon Scarrow
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 613
ISBN: 9789896374006
Série: Revolution nº 4 de 4
 
Sinopse:
Estamos no ano de 1810. O Visconde Wellington e o Imperador Napoleão conquistaram fama e reputação como comandantes militares brilhantes. Wellington goza ainda de maior fama durante os seus anos em Espanha, mas sabe que o seu derradeiro teste ainda está para vir: enfrentar o poderoso exército de Napoleão. Quando invade a França no ano de 1814, Wellington obtém uma vitória rápida. Enquanto se deixa seduzir por uma estadia em Viena, chegam notícias do regresso triunfante de Napoleão. Este, ambicioso como sempre, inicia uma campanha russa que termina em desastre e é depois derrotado em Leipzig na maior batalha alguma vez travada na Europa. Com o declínio do poder de Napoleão, Wellington quer esmagar o tirano de uma vez por todas – e assim os dois gigantes enfrentam-se uma última vez, em Waterloo...
 
Opinião:
Mais de um mês estive a ler este livro e é com uma sensação de alívio que o acabo. Esta sensação nasce da ambiguidade que este blog acaba por carregar nas minhas leituras. A pressão que cria na leitura, acaba por obrigar a alguma celeridade, o que me faz por vezes não apreciar tanto um livro que necessita de algum tempo para ser percorrido.

Terminando esta obra e assim esta série sobre Napoleão e Wellington, esta crítica serve tanto para este livro como para os três anteriores. Poderei estar a repetir-me mas a verdade é que existe homogenidade nas obras e os positivos e negativos de um livro estão em todos eles.

Mais uma vez são romances históricos biográficos que vai saltando entre uma personagem e outra, sendo que este livro peca um pouco mais que os anteriores, pois denota um excesso de foco nas batalhas. Aliás este livro acaba por ser cansativo por isso mesmo, é um sem acabar de batalhas encadeadas umas nas outras sem dar folgo ao leitor. Assim na quase totalidade das 600 páginas que compõem esta obra acompanhamos as constantes descrições de cenários de guerra, tácticas militares e constantes avanços e recuos das variadíssimas unidades militares.

Cada batalha que termina num capítulo, é logo seguida por outra que começa no capítulo seguinte. E é um sem número delas, desde as batalhas em Portugal e Espanha, acompanhando a Campanha Peninsular de Wellington, até à entrada deste em território Francês, paralelamente à batalha de Wagram e à posterior Campanha Russa de Bonaparte, passando por Leipzig e todo o recuo de volta a Paris, dando apenas ao leitor quase no final um conjunto de meia centena de páginas sem batalhas, coincidente com o período de Napoleão no reino de Elba, mas que não é mais do que um ganhar folgo para a grande batalha final de Waterloo.

Desta vez não me vou alongar relativamente às personagens. Quem quiser saber qual a minha opinião sobre a forma como são descritas, naquilo que me parece ser uma opinião algo tendenciosa de um autor que gosto particularmente, mas que tem reflexo na obra, leia por favor as criticas aos livros anteriores já feitas neste blog.

De positivo e marcante apraz-me destacar dois momentos da obra. O primeiro é quando nos é descrito o confronto entre Friedrich Staps e Napoleão. Staps foi um jovem de 17 anos que tentou assassinar o Imperador no Schönbrunn. O segundo passa um pouco despercebido na página 374, mas resume-se no seguinte, um major da Nonagésima Quinta sobe a encosta com um pasta de cabedal, esse major carrega consigo uma espingarda, algo pouco usual para um oficial e dá pelo nome de Richard, quem é? Não mais do que o Sharpe da famosa série de Bernard Conwell.

Resumindo, bom livro para aprender um pouco de história, para se ler aos poucos sem pressão. Vale pela história e não pela estória. O autor conquistou-me mais com a série da Águia do que com esta.

Nota (escala 1 a 10): 6,5 (0,5 a mais pelo aparecimento do Sharpe)
TheKhan