segunda-feira, 29 de abril de 2013

O Festim dos Corvos e O Mar de Ferro









Título Original: A Feast for Crows
Autor: George R. R. Martin
Editora: Saída de Emergência
Nº de páginas: 423 + 319
ISBN: 9789896370978 e 9789896371357

Sinopse de O Festim dos Corvos:
"Continuando a saga mais ambiciosa e imaginativa desde O Senhor dos Anéis, As Crónicas de Gelo e Fogo prosseguem após o violento triunfo dos traidores.Enquanto os senhores do Norte lutam incessantemente uns contra os outros e os Homens de Ferro estão prestes a emergir como uma força implacável, a rainha regente Cersei tenta manter intacta a força dos leões em Porto Real. Os jovens lobos, sedentos por vingança, estão dispersos pela terra, cada um envolvido no perigoso jogo dos tronos.Arya abandonou Westeros rumo a Bravos, Bran desapareceu na vastidão enigmática para além da Muralha, Sansa está nas mãos do ambicioso e maquiavélico Mindinho, Jon Snow foi proclamado comandante da Muralha mas tem que enfrentar a vontade férrea do rei Stannis e, no meio de toda a intriga, começam a surgir histórias do outro lado do mar sobre dragões vivos e fogo..."

Opinião:
Como em todas as obras de "As Crónicas de Gelo e Fogo" a Saída de Emergência resolveu dividi-la em dois livros, apesar disso resolvemos fazer uma opinião única para os dois livros.

Antes de mais convém mencionar que o original "A Feast of Crows" é também ele meia obra. Martin com a sua capacidade de criação altamente imaginativa, aquando da escrita do 4º volume da série deparou-se com uma obra tão extensa que ele próprio teve de dividir a obra em dois.

A divisão é explicada pelo autor no final do livro, e é curiosa. Martin optou por, em vez de escrever meio livro para todas as personagens, escrever um livro inteiro para apenas metade das personagens. Assim em "A Feast of Crows" seguimos as personagens que vagueiam à volta de Porto Real.

Seguimos o ponto de vista das personagens Brienne, Cersei, Jaime, Arya, Sansa, Samwell e alguns capítulos com personagens dos clãs Greyjoy e Martell. Portanto nada de Tyrion, Daenerys, Bran, Davos, Stannis e muito pouco de Jon.

Sendo assim dividido, este livro tem a tendência para levar os leitores a ficar com um travo amargo na boca. Independentemente das preferências do leitor ao nível das personagens, haverá sempre alguém que não aparece neste e por isso os deixará insatisfeito. A opinião geral é que Daenerys, Jon e Tyrion são as personagens principais da série e visto não termos o POV de nenhuma delas, faz o livro parecer menor em relação aos outros.

Pessoalmente pela primeira vez comecei a sentir-me, enquanto lia um livro de Martin, algo farto da história. Cansado de algumas repetições, com a sensação que o livro não saía do sítio, que o autor começa a perder um pouco a mão ao caminho que a história está a levar. Pareceu-me um livro sem esperança, um livro repleto de selvagens em que a única coisa que os diferenciava eram os nomes. O livro não nos dá grandes respostas às questões do passado e acrescenta mais algumas mas não muitas. É uma obra longa como habitual mas com menos sumo que em livros anteriores.

Mas... mesmo tendo falhas que o tornem mais fraco do que outros livros, continua a ser bom. As personagens continuam a marcar a fazerem-nos adorá-las ou odiá-las. Os habituais "cliffhangers", apesar de em menor número estão lá, o que continua a nos fazer desejar ter o próximo livro na mão e começar a lê-lo o mais rapidamente possível.

Interessante é que após acabarmos o livro, a confusão mantém-se na nossa cabeça, já não acreditamos em nada que lemos. Os mortos poderão estar ou não mortos, as relações parentais poderão ser falsas, há bons e maus da fita ou não? Nada do que parece é, nada é certo. O caos está instalado e isso é o que nos liga a esta série.

Em jeito de desabafo, não me parece que no dia em que a série acabe haja uma única personagem que não tenha morrido pelo menos uma vez, ou que não lhe falte uma parte importante do corpo ou limitação física. Martin é tão cruel...

Nota (escala 1 a 10): 7
TheKhan


Opinião:
E o que mais há para dizer destes dois livros, que já não está dito acima? 
Para mim, este é, até agora, o livro menos interessante que George R. R. Martin escreveu. Entendo a sua intenção de nos dar a conhecer outras personagens, para termos uma visão mais completa e global da guerra em Westeros, mas no entanto, não sendo estes os meus preferidos, custou um pouco a lê-lo. 

Este livro tem imensos episódios violentos, uns atrás dos outros. É verdade que nesta altura, já estou habituada à violência de Martin, mas mesmo assim, achei que foi exagerado para alguns personagens, que na minha opinião, não mereciam tanto.

Quando acabei este livro fiquei num estado de confusão tal, que de facto, coloquei em questão quase toda a informação retida dos livros anteriores. Não sabemos quem é quem, quem são os bons, e os maus, o que esperar de alguns personagens... Mas Martin é assim. E já estamos tão viciados que esperamos ansiosamente pelos seguintes. O que será que mais vai acontecer?

Nota (escala 1 a 10): 7
IrishGirl

quarta-feira, 24 de abril de 2013

O Rapaz de Olhos Azuis


















Autor: Joanne Harris
Editora: Edições Asa
Nº de páginas: 432
ISBN: 9789892310008

Sinopse:
"Ele conhece-a há uma eternidade e, contudo, ela nunca o viu. É como se fosse invisível para a mulher que ama. Mas ele vê-a a ela: o cabelo; a boca; o rosto pequeno e pálido; o casaco vermelho-vivo na neblina matinal, como algo saído de um conto de fadas. Até agora, ele nunca se apaixonou. Assusta-o um pouco: a intensidade dessa emoção, a maneira como o rosto dela se intromete nos seus pensamentos, a maneira como os seus dedos traçam o nome dela, a maneira como tudo, de algum modo, conspira para que ela nunca lhe saia da cabeça... Ela não sabe de nada, claro. Tem um ar muito inocente, com o seu casaco vermelho e o seu cesto. Mas por vezes os maus não se vestem de preto e por vezes uma menina perdida na floresta é bem capaz de fazer frente ao lobo mau..."

Opinião:
Quando comecei a ler O Rapaz de Olhos Azuis, já estava avisada que este não era como os outros livros da autora, ou seja, não era como o Chocolate e Sapatos de Rebuçado, que são livros deliciosos. No entanto, como Joanne Harris escreve muitíssimo bem, resolvi comprar e ler.

Este livro conta a história de uma família mono parental, de uma mãe rígida e exigente, com três filhos. Estes três rapazes foram desde muito cedo, influenciados pelas cores. Cada um deles tinha uma e vestiam-se sempre dessa cor. Foi a forma que a mãe achou para simplificar a distribuição de roupa pelos filhos. O mais velho vestia preto, o filho do meio, o castanho, e o mais novo vestia azul. E é o filho mais novo, que tinha olhos azuis, que vai ser o Rapaz de Olhos Azuis.
A história é narrada através de publicações num Webjournal, onde B.B., Blueeyedboy conta a sua história desde criança até adulto. Ele criou uma comunidade online, onde publica textos, tipo entradas de blogues, com acesso restrito ou público, com comentários de outras personagens no fim. Ao contrário do que possam imaginar, não é nada difícil ler um livro neste formato.
Blueeyedboy publica histórias bastante inquietantes sobre homicídios que planeia executar. Será que ele é um assassino? Será que ele faz exactamente o que escreve? É uma pergunta que fazemos desde o início. No entanto, conforme vamos avançando no livro, começamos a conhecer melhor o personagem, a vida que ele leva com os irmãos e com a mãe, e compreendemos certas atitudes. Não há dúvida que o ambiente familiar conta muito para a formação das pessoas.

E, depois há a vertente da internet. A autora mostra como é fácil as pessoas serem outras, criam e escondem-se atrás de perfis. Existe uma liberdade na ciberespaço que pode ser perigosa e/ou enganadora e falsa.

B.B. é também um sinestésico. A Sinestesia é a relação de planos sensoriais diferentes, ou seja, é a capacidade de associar diferentes sentidos. Por exemplo, associar o gosto com o cheiro ou a visão com o tacto. Joanne Harris utiliza estas figuras da linguagem, para sentirmos, através de certas descrições, o que as personagens sentem.

Neste livro, não consegui sentir nenhuma simpatia nem me identificar com nenhum dos personagens. Não me cativaram. Talvez por ser uma história estranha e diferente.
Relativamente à acção, não podemos dizer que é parado. Os acontecimentos, numa certa altura, andam à volta do mesmo, mas compreendo que serve para conhecermos melhor as personagens e não é cansativo. A autora consegue nos surpreender com uma reviravolta inesperada, e aguçar a nossa curiosidade.

Resumidamente, é um thriller compulsivo, muito "Dark", surpreendente e assustador. Joanne Harris conseguiu, na minha opinião, escrever um livro diferente daquilo que nos habituou, não sendo por esse motivo, um livro mau e horrível. Não. Posso dizer que gostei de o ler. Gostei de ler algo diferente e que não estava à espera. Se acham que a história é estranha, porque é, acreditem que vale a pena ler pela qualidade da escrita da autora.

Nota (escala 1 a 10): 7
IrishGirl


Opinião:
Joanne Harris é uma autora que considero ser mais virada para o público feminino, por isso não faz parte dos autores que sigo. No entanto, por indicação da minha companheira de blog, fui sugestionado a avançar para a leitura deste livro.

E em boa hora o fui. Gosto de obras diferentes, fora do comum e este livro é estranho o suficiente e bastante imprevisível.

Com uma narrativa que se revela página após página extremamente perturbadora, acompanhamos os relatos, de blueeyedboy e albertine nos seus webjournals, sejam públicos ou restritos.
O ambiente é negro e depressivo. As personagens não nos criam qualquer empatia, apenas desprezo alguma repulsa.

Mas é aí que este livro é diferente. É a prova que não necessitamos de ser apaparicados com personagens agradáveis, momentos de felicidade e cenários iluminados para que uma obra nos agrade.

E o que é que me agradou neste livro? A frieza com que a história se desenrola. A brutalidade psicológica dos relatos da personagem principal. A constante dúvida se o que estamos a ler é real ou pura ficção dentro da ficção. E claro, a capacidade da autora nos surpreender com reviravoltas na história. Reviravoltas essas que tornam o ambiente do livro ainda mais negro e perturbador.

Na verdade, dei por mim nos dias em que li este livro a aproveitar os minutos que tinha livre para lhe pegar. Até porque de uma forma geral os capítulos são bastante curtos e qualquer pequeno período de tempo nos permite avançar na história.

Para quem procura um "Chocolate", opte por outro livro da autora. Mas para quem procura um livro diferente e estiver aberto a uma nova experiência de leitura, esta obra merece bem a pena que lhe seja dada uma oportunidade.

Nota (escala 1 a 10): 7
TheKhan

terça-feira, 23 de abril de 2013

Feira do Livro de Lisboa 2013


No dia em que se comemora o Dia Internacional do Livro, fica a faltar exactamente 1 mês para o início da Feira do Livro de Lisboa.

Este ano decorrerá entre 23 de Maio a 10 de Junho, como habitualmente no Parque Eduardo VII.

É bom que volte a estas datas mais solarengas, assim certamente que haverá menos dias afectados pela chuva e menos livros se estragarão. A temperatura e o sol a brilhar convidarão a mais passeios no Parque.

Todos os anos é um evento que aguardamos com espectativa, muitos livros compramos acompanhados por algumas farturas.

Pena é que este ano a Feira do Livro do Porto tenha sido cancelada por falta de condições financeiras. Vai fazer falta.

Até dia 23 de Maio.

sábado, 20 de abril de 2013

Michel Vaillant em Portugal - Parte III


















Título: O Homem de Lisboa
Autor: Jean Graton
Editora: Meribérica Liber
Páginas: 47

Língua: Português
Colecção: Michel Vaillant nº45
ISBN: 972-45-0421-2

Após o álbum nº19, Michel Vaillant volta a Portugal e ao Rali de Portugal desta vez para a edição nº16 de 1983. Para ser mais preciso Michel volta a Portugal mas não ao rali, quem corre pela Vaillante é Steve Warson acompanhado pela sua nova namorada Julie Wood.

O álbum começa com o casal a passear pela cidade de Lisboa, passando pelo elevador da Glória:


gosto especialmente do "VOTA" pintado na parede, tão Português dos anos a seguir ao 25 de Abril. Quem diria que chegaríamos aos nossos dias de costas viradas para a política, fartos destes políticos incompetentes que sucessivamente nos têm "governado", cansados desta pseudo-democracia de dois partidos.

Mas voltando ao passeio dos nossos amigos, que continuam a mostrar aos leitores a beleza da cidade de Lisboa e que entre vários locais param, para um descanso, perto da Torre de Belém, no ano em que esta foi nomeada Património Mundial pela Unesco.


Mas o livro não se resume só a lazer. Daqui para a frente vêm os assuntos sérios. Michel faz uma viagem de urgência a Lisboa para "brincar" aos espiões. Documentos secretos, da futura viatura revolucionária de turismo, são roubados da fábrica Vaillante. Michel tem de apanhar o traficante americano Tony Cardoza e recuperar os documentos.

Paralelamente à espionagem industrial, temos oportunidade de acompanhar a prestação de Steve e Julie no rali.

As primeiras 4 páginas são dedicadas à loucura dos espectadores Portugueses. Aos mares de gente que acorriam às classificativas, especialmente as de Sintra, e que rodeavam a estrada completamente, só se afastando dos carros no último momento.


Graton não é simpático para o espírito latino dos Portugueses, inclusive vaticina o acidente de Joaquim Santos, em 1986 na Lagoa Azul, que provocou a morte a 3 espectadores. Mas termina em jeito de elogio, o rali é um dos mais belos da Europa, graças à beleza das paisagens e à gentileza dos Portugueses.

Como curiosidade temos o regresso de Betty desta vez sem o primo Bobby mas sim acompanhada pelo seu marido Jorge, um brasileiro endinheirado que lhe compra um Lancia para correr.

Quanto a Portugueses temos novamente a presença de César Torres o organizador da prova, bem como a dupla Jorge Ortigão/João Baptista que correm ao volante de um dos Vaillante Comando e também o maior dos bedéfilos que é retratado algures na página 33.

Uma nota final para as máquinas que podemos rever, desde o Audi Quattro, ao Lancia 037 até a um fantástico Boeing 747 com as cores da TAP, que como sempre, estão realistas até ao mais pequeno detalhe.

Nota (escala 1 a 10): 7,5
TheKhan

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Michel Vaillant em Portugal - Parte II


 


Título: Encontro em Macau
Autor: Jean Graton
Editora: Meribérica Liber
Páginas: 47
Língua: Português
Colecção: Michel Vaillant nº43
ISBN: 978-2870980019
 
O segundo álbum de Michel Vaillant em Portugal, é um livro que se em 1983 é passado em parte no território Português, nos dias de hoje era totalmente passado na China. Michel e os amigos visitam Macau para a edição de 1982 do Grande Prémio, que se disputa anualmente no circuito da Guia.
 
A armada Vaillante composta por Michel, Steve, Paul Belmondo e Julie Wood à chegada a Hong Kong vê-se envolvida numa perseguição ao bom estilo de Hollywood. Ao apanharem um velho conhecido, Bob Cramer, percebem que daí para a frente as coisas só se poderão complicar.

Uma rápida viagem de "hydrofoil" coloca-os em Macau onde se estabelecem no famoso Hotel Lisboa.


Michel faz uma visita ao casino, e ficamos a ter uma ideia de que a sua vinda ao oriente não se prende apenas com o Grande Prémio. Uma viagem à China com Julie segue-se, com passagem obrigatória nas Portas do Cerco.
O governo Chinês pretende fazer uma parceria com um construtor automóvel para desenvolver a produção de viaturas no seu país. E sim, as coisas complicam-se porque a Leader está na corrida, não só por este projecto mas também pelo Grande Prémio.

Paralelamente, Steve encontra-se dividido, a presença da Leader afecta-o. Ruth a sua grande paixão do passado, já não é a mesma pessoa desde que tomou as rédeas do construtor e move-se por um grande desejo de vingança contra os Vaillant. Por outro lado Julie preenche os seus pensamentos desde o Paris-Argel-Dakar.

Para Julie a prova de motociclismo será um marco na sentido que dará no futuro à sua carreira. Não será uma coincidência, que por esta altura perca a sua série dedicada e passe a ser mais uma personagem regular da série Michel Vaillant.

Após o Grande Prémio, o livro desenvolve-se ao bom estilo de "aventura", inclusive temos um cruzamento com uma emissão do programa televisivo "A Caça ao Tesouro" e uma interessante batalha naval.

Nota (escala 1 a 10): 7
TheKhan


sexta-feira, 12 de abril de 2013

Michel Vaillant em Portugal - Parte I

















Título: 5 Filles dans la Course!
Autor: Jean Graton
Editora: Le Lombard
Páginas: 46

Língua: Francês
Colecção: Michel Vaillant nº19
ISBN: 2-8036-0062-5


Tal como prometido no post relativo ao "Au Nom du Fils" é tempo de abordar os livros da colecção Michel Vaillant passados em Portugal.
 
O primeiro, livro nº19, editado em 1971, de título original "5 Filles dans la Course!" e editado em Portugal no ano de 1981 com o nome "Rali em Portugal", centra-se na 3ª edição do Rali TAP disputada no ano de 1969.
 
Dando seguimento ao álbum anterior, "De L'huille sur la Piste", a história deste livro tem como foco principal o relacionamento entre os pilotos de automóveis e as mulheres. Com o Rali de Portugal como pano de fundo, a equipa Vaillante junta-se a outras duas equipas mistas para termos cinco raparigas na corrida.

Michel faz parceria com Françoise Latour a sua futura mulher, mas é o eterno mulherengo Steve Warson que se torna na personagem principal do livro. Para além da sua companheira de viatura, a Portuguesa Cândida Maria de Jesus, que no seu estilo habitual tenta conquistar, é confrontado com a presença da quinta rapariga, a Americana Betty, "la grande saucisse", que lhe fará a cabeça em água ao longo de todo álbum e que terá mais tarde participações nos livros "Rush" e "Des Filles et des Moteurs".
 
A passagem por Portugal é bem notada, o desenho está impecável, e os locais facilmente reconhecíveis, começando pelo primeiro "quadradinho" que nos mostra um 727 da TAP e uma vista do Castelo de S.Jorge com a Ponte Salazar (estamos em 1969) ao fundo bem como o Cristo Rei.

Outra das imagens mais interessantes é o Hotel Palácio do Buçaco onde Steve e Betty têm o seu primeiro "desencontro".
Também curioso é a passagem do Rali pela noite de Sintra, na qual o autor brinda-nos com os comentários dos espectadores, em Português, como são exemplo os "é o Jacky Ickx Anda Jacky!", "mais depressa", "vão matar-se!", "estão doidos!" e a melhor "anda os franceses".
 
Quem também tem um lugar especial no livro é César Torres, o homem que organizou em Portugal aquele que foi considerado, ao longo de vários anos, o melhor rali do mundo.

Uma nota também para a mistura da ficção com a realidade, é que a dupla Gilbert Staepelaere/Nicole Sol, caracterizada neste album, participou mesmo no Rali TAP de 1969 ao volante de um Ford 20M, tendo obtido o mesmo resultado que obtiveram no livro.
 
Um livro interessante que apesar de não ter um argumento dos mais originais, se destaca por ser passado em Portugal.

Nota (escala 1 a 10): 7
TheKhan

quinta-feira, 4 de abril de 2013

As Crónicas de Gelo e Fogo - George R. R. Martin


Tendo iniciado esta semana a leitura de "O Festim dos Corvos", e sendo este a primeira parte da versão portuguesa do 4º livro da série original "A Song of Ice and Fire", requer que façamos um pré-comentário à série em si e aos livros anteriores.

Escrever sobre Martin e "As Crónicas de Gelo e Fogo" com o intuito de acrescentar alguma coisa é difícil. Tantos são os fãs e tanto já foi escrito que para além da nossa opinião é difícil escrever algo que não tenha já sido escrito.

Tal como descrito na "Série da Águia" de Scarrow, esta é mais uma das séries que a Editora Saída de Emergência nos conseguiu chamar à atenção e conquistar com a sua promoção 2=3, vários anos antes da febre da série televisiva da HBO.

Antes de mais, convém clarificar que por opção da Saída de Emergência os livros desta série são editados em Portugal em dois volumes. Assim os 5 livros editados por Martin desdobram-se em 10 livros editados no nosso país. A estratégia de marketing explica a opção, se em 2008 a editora saísse com um livro de mais de 700 páginas, de um autor desconhecido para a maioria dos Portugueses, de um género, fantasia, na altura muito menos divulgado que actualmente, provavelmente teria sido um desastre de vendas. Assim a opção pela divisão em dois volumes parece-me acertada. Também devo dizer que comprar dois volumes por 40€, em versão de capa mole quando um original, em inglês, capa dura completo custa aproximadamente 28€, já me parece menos justificável mas... para isso é que servem as promoções.

Quanto à leitura, devo confessar que comecei algo receoso. Sou adepto de fantasia, mas com limites e assim sempre que começo uma série nova estou sempre de pé atrás, não vá a história ir demasiado além do que considero aceitável. Exemplo, se apanhar uma trilogia com 2000 páginas em que nas 200 páginas finais enfiam com dragões vindos do nada, sem que a história a isso levasse ou justificasse, é demais para mim.

Mas Martin não é assim, a fantasia está lá, os dragões estão lá, anões, magia, seres estranhos, mas é tudo inserido delicadamente no meio da brutalidade das suas descrições. Inclusive, os dois primeiros volumes, "A Guerra dos Tronos" e "A Muralha de Gelo", quase parecem romances históricos passados num qualquer país, na época medieval, com ligeiros toques de fantasia que apenas servem para apimentar o que nos volumes seguintes será explorado.

Se comecei receoso rapidamente ultrapassei essa sensação, visto que os livros são do mais viciante que já tive oportunidade de ler. Desde o vibrante prólogo, ao nível dos melhores filmes de terror, aos capítulos de apresentação das variadíssimas personagens, Martin conquista-nos, não por simpatia mas por intrigante interesse.

Martin não é um autor simpático com os seus leitores, para além de demorar 5 anos para editar um novo livro tem uma capacidade única de nos fazer gostar de algumas personagens e matá-las de seguida. Mas quem precisa de autores simpáticos desde que sejam bons?

A sua escrita não é fácil, não que use uma linguagem complicada mas sim porque criou um mundo gigantesco com centenas de personagens, dezenas de locais diferentes que muitas vezes me fazem perguntar "mas quem é este?" A divisão dos capítulos é feita ao estilo "point of view", cada capítulo é contado pelo ponto de vista de uma determinada personagem. Por vezes os capítulos terminam em momentos de grande suspense e ficamos a desejar saber o que se vai passar a seguir para nos apercebermos que temos 3 ou 4 capítulos de outras personagens antes que venha a continuação.

Resumindo, a trama é complexa mas extremamente envolvente. As personagens principais transmitem sentimento, conseguimos adorá-los ou odiá-los inclusive, dependendo do ponto de vista, e na evolução dahistória podemos passar de não gostar de um personagem ao oposto.

Nota (escala 1 a 10): 8 de média para os seis livros até a O Festim dos Corvos.
TheKhan


O que posso eu acrescentar ao que já foi dito acima? Muito pouco, garanto-vos. Iniciei a leitura da Guerra dos Tronos também um pouco reticente por dois motivos: o número de personagens e a quantidade de livros que esta história tem. Mas rapidamente ultrapassei estas questões. Martin deixa-nos completamente viciados.

As personagens são excelentes. É verdade que são muitas, mas aprendemos que, conforme vamos avançando na história, algumas personagens rapidamente deixam de ser importantes, aparecendo outras que vão contribuir para outro ponto na trama, e assim sucessivamente. Claro que, para quem lê só o 1º volume do 1º livro, ainda não entende isso. São personagens muito bem construídas que só começamos a conhecer bem, muito mais à frente na história. São reais. Não há uma personagem que seja completamente perfeita. Todos eles num certo ponto, nos fazem compreender a razão de serem "más" ou o motivo porque agem da maneira que agem, e acabam por nos conquistar também. Não se pode dizer que haja um personagem principal. Todos eles fazem parte da história e todos contribuem para a enriquecer.

O enredo é bastante complexo, com descrições fantásticas, muita aventura, mistério, intriga e com tantas reviravoltas que nos fazem ficar ansiosos pelos próximos capítulos. 

Recomendo vivamente. Aliás, aconselho a ler os livros antes de verem a série, porque por muito fiel e boa que a série esteja, não se compara ao livro.

Nota (escala 1 a 10): 8 de média para os seis livros até a O Festim dos Corvos.
IrishGirl