quarta-feira, 30 de julho de 2014

A Vidente de Sevenwaters









Autora: Juliet Marillier
Editora: Planeta
ISBN: 978-989-657-199-3
Nº de Páginas: 416

Sinopse: 
Sibeal sempre soube que estava destinada a uma vida espiritual e entregou-se de corpo e alma à sua vocação. Antes de cumprir os últimos votos para se tornar uma druidesa, Ciarán, o seu mestre, envia-a numa viagem de recreio à ilha de Inis Eala, para passar o Verão com as irmãs, Muirrin e Clodagh.
Sibeal ainda mal chegou a Inis Eala, quando uma insólita tempestade rebenta no mar, afundando um barco nórdico mesmo diante dos seus olhos. Apesar dos esforços, apenas dois sobreviventes são recolhidos da água. O dom da Visão conduz Sibeal ao terceiro náufrago, um homem a quem dá o nome de Ardal e cuja vida se sustém por um fio. Enquanto Ardal trava a sua dura batalha com a morte, um laço capaz de desafiar todas as convenções forma-se entre Sibeal e o jovem desconhecido.
A comunidade da ilha suspeita que algo de errado se passa com os três náufragos. A bela Svala é muda e perturbada. O vigoroso guerreiro Knut parece ter vergonha da sua enlutada mulher.
E Ardal tem um segredo de que não consegue lembrar-se – ou prefere não contar. Quando a incrível verdade vem à superfície, Sibeal vê-se envolvida numa perigosa demanda.
O desafio será uma viagem às profundezas do saber druídico, mas, também, aos abismos insondáveis do crescimento e da paixão. No fim, Sibeal terá de escolher – e essa escolha mudará a sua vida para sempre.

Opinião:
É tão bom voltar a ler um autor que gostamos. Juliet Marillier ganhou um lugar muito especial na minha estante. E este livro revelou-se uma surpresa muito agradável.

A autora conta-nos a história de Sibeal, uma das filhas de Sean, Lorde de Sevenwaters, que antes de cumprir os votos para se tornar uma druidesa, viaja para Inis Eala, para passar o Verão com as irmãs. Mal chega à ilha, assiste a um naufrágio de um barco nórdico e apenas três pessoas sobrevivem. Um deste sobrevivente parece estar ligado a Sibeal de uma forma estranha, levando-a a duvidar da sua vocação.

A Vidente de Sevenwaters é o quinto livro da série de Sevenwaters escrito pela autora. Todos sabem que foi a pedido da editora, que Juliet voltou a escrever sobre Sevenwaters. A continuação desta série gera um misto de alegria e medo. Alegria, porque voltamos a ler sobre os personagens que gostamos, ou sobre os seus descendentes. Medo, porque os três primeiros livros foram excelentes e especiais e sabemos que é dificil igualar ou até melhorar tal feito. De qualquer forma, este livro surpreendeu-me pela positiva. Adorei.

Na Vidente de Sevenwaters, a história é narrada por duas personagens, Sibeal e Félix. Isto é uma novidade nos livros da Juliet, que na minha opinião, funcionou muito bem. É interessante ver a história do lado dos personagens masculinos. Sibeal e Félix envolveram-me de igual modo. Não posso dizer que senti mais simpatia por um ou por outro. Foi interessante verificar como duas pessoas, embora jovens, crescem e se desenvolvem, e se completam.

Mas este livro tem mais personagens interessantíssimas. Aliás, adorei rever muitas das personagens de livros anteriores. Um dos pontos positivos desta história é o facto de podermos ler mais sobre Johnny, sobre Cathal, sobre Gull, e recordar O Filho das Sombras. Momento alto para mim. Matei saudades.

Ponto negativo, a capa do livro. Não gostei e acho que nada tem a haver com a personagem principal, nem com história em si.

O desenvolvimento do enredo é um pouco lento no início, talvez para criar suspense, mas envolve-nos de uma forma quase mágica, que não conseguimos largar o livro até acabarmos. Este livro em relação ao Herdeiro, conseguiu cativar-me mais, quer pela história de amor, quer pelos acontecimentos em si. Não estava nada à espera daqueles seres míticos.

A Vidente de Sevenwaters é um linda história, onde existe amor, coragem, escolhas difíceis, lutas e sacrifícios. Admito que não tenha conseguido chegar ao nível da primeira trilogia, mas mesmo assim, existe sempre uma magia deliciosa e envolvente nos seus livros. A escrita de Juliet Marillier e a forma como nos conta histórias, é simplesmente extraordinária.

Nota (escala de 1 a 10): 7,5

IrishGirl

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Os Intrépidos

















Título Original: Les Casse-cou
Autor: Jean Graton
Editora: Asa/Público
Páginas: 64

Colecção: Michel Vaillant nº7
ISBN: 9789892326016
 
Sinopse:
Jean-Michel, de apenas 3 meses, é o mais recente membro do clã Vaillant. Sobrinho de Michel, ele é o alvo de todas as atenções. Entretanto, o nosso herói é contactado pelo seu amigo Gil Delamare, um duplo de cinema, que lhe propõe participar num filme de acção sobre o mundo do automobilismo. O filme intitula-se “Os Intrépidos” e Michel acaba por aceitar a proposta, que além do mais lhe vai dar a oportunidade de testar o novíssimo protótipo da Vaillante. Mas se as cenas perigosas estão controladas ao milímetro, o mesmo não acontece com as pérfidas intenções de um indivíduo que, na sombra, decide desacreditar o piloto aos olhos do público…

 

Opinião:

Há livros mais fáceis de dar opinião do que outros.  "Os Intrépidos" é um daqueles álbuns de Michel Vaillant que se lêem mas não entusiasmam por aí além.
 
Michel encontra-se mais uma vez numa fase de pouco trabalho a nível de competição automóvel, assim é convidado pelo seu amigo Gil Delamare, duplo de cinema, para enveredar neste mundo  em sua parceria para a rodagem de um filme sobre automóveis e corridas.

Michel vai-se entusiasmando, ganhando gosto pelo trabalho de duplo e vai-se tornando mais ousada nas suas façanhas. Este álbum serve essencialmente para homenagear esta profissão e os corajosos capazes de a realizar, como Gil.

Paralelamente Michel é vítima de uma campanha de desestabilização que começa pela imprensa, debelada pelo amigo e futuro sogro Louis Latour, e mais tarde pela via da ameaça pessoal. Por trás desta campanha revela-se um dos vilões de uma das obras anteriores, que tudo fará para se vingar de Michel.

 
"Os Intrépidos" é mais um dos álbuns de acção com muito pouca presença da competição automóvel. Aliás, a única presença deve-se ao aproveitamento, do genial Jean-Pierre, das cenas de competição do filme, para testar peças daquele que será o futuro Vaillante, que revolucionará o mundo da Formula 1.

A nível de personagens, apenas marcam presença os habituais elementos da família Vaillant, de novidade apenas temos o bebé Jean-Michel, filho de Jean-Pierre e Agnés, personagem que só será aproveitado mais tarde na nova série com relevância.


"Os Intrépidos" álbum que se estreia em Português foi primeiramente editado na revista Tintin em 1962.

Gil Delamare o personagem secundário, mas à volta do qual gira a maior parte da história, era como já disse anteriormente um personagem real. Gil era um especialista a idealizar acidentes de automóvel para os filmes e a sobreviver a esses acidentes. Infelizmente a 31 de Maio de 1966, Delamare haveria de encontrar a morte quanto fazia uma cena para o filme "As Aventuras de  O Santo " ao volante de um  Renault Caravelle na Autoroute du Nord.

 
Nota (escala 1 a 10): 6
TheKhan

terça-feira, 8 de julho de 2014

O Império Final

















Autor: Brandon Sanderson
Editora: Saída de Emergência
Páginas: 618
ISBN: 9789896376383                    
Saga/Série: Mistborn nº 1

Sinopse:

Num mundo onde as cinzas caem do céu e as brumas dominam a noite, o povo dos Skaa vive escravizado e na absoluta miséria. Durante mais de mil anos, o Senhor Soberano governou com um poder divino inquestionável e pela força do terror. Mas quando a esperança parecia perdida, um sobrevivente de nome Kelsier escapa do mais terrível cativeiro graças à estranha magia dos metais – a Alomancia – que o transforma num “nascido nas brumas”, alguém capaz de invocar o poder de todos os metais.

Kelsier foi outrora um famoso ladrão e um líder carismático no submundo. A experiência agonizante que atravessou tornou-o obcecado em derrubar o Senhor Soberano com um plano audacioso. Após reunir um grupo de elite, é então que descobre Vin, uma órfã skaa com talento para a magia dos metais e que vive nas ruas. Perante os incríveis poderes latentes de Vin, Kelsier começa a acreditar que talvez consiga cumprir os seus sonhos de transformar para sempre o Império Final…

Opinião:
Cada vez que começo uma nova saga de fantasia sinto uma oposição de interesses. Não me levem a mal, gosto de ler e gosto do estilo fantasia em particular, mas sou exigente, não consumo todo o tipo de fantasia.
Quanto à questão de interesses, quando começo uma série nova é sempre com um pé atrás. Em virtude de ter tantas séries, que sigo em aberto, não tenho interesse em acrescentar mais se não tiverem qualidade. Assim, quando pego numa nova saga, estou sempre pronto para a colocar de lado se não me agradar. A oposição existe porque paralelamente pretendo que o livro me agrade, porque é esse o objectivo principal das minhas leituras.
 
O Império Final da saga Mistborn prendeu-me desde o início. É o meu estilo de fantasia, não aparecem dragões só porque fica bem, não há elfos irritantes nem anões resmungões. Sanderson não inventou a roda, o seu mundo não é algo de muito diferente do que estamos habituados mas convenceu-me.
 
E porquê? Primeiro porque não é fantasia simplificada para agradar jovens adultos, o ambiente é negro do início ao fim do livro, a brutalidade dos acontecimentos seja a nível psicológico, seja físico é bastante vincada e não nos deixa indiferente.

Depois claro são as personagens, especialmente as principais. Vin e Kelsier estão bem caracterizados e agradam ao leitor. As suas histórias não nos são impostas logo de início, não, vamos conhecendo-as ao longo do livro. Aliás todo o livro é um desvendar de pormenores, seja para conhecermos os personagens seja para aprendermos as características do Império Final. Existem outras personagens que cativam, como é o caso do mordomo Sazed ou o nobre Elend. Mas houve duas personagens que me fascinaram especialmente, Kelsier e o Senhor Soberano. Kelsier tem um passado enegrecido, sendo um anterior chefe de bando de ladrões, é um lutador de poucos sentimentalismos, mata sem pensar duas vezes, vinga-se como se não houvesse amanhã e tudo com um sorriso nos lábios, transmite uma imagem egocêntrica e algo narcisista colocando o leitor no dilema se Kelsier não teria tudo para se tornar noutro Senhor Soberano, mas será que é apenas a vingança que o move?

Se Kelsier nos suscita dúvidas, o vilão, o Senhor Soberano também nos cria mas no sentido contrário. Ao longo do livro, vamos lendo excertos do que é atribuído como sendo as memórias do Herói das Eras que mais tarde se tornaria no Senhor Soberano. E ao lermos esses excertos é perfeitamente natural que nos questionemos sobre o que terá acontecido a este personagem para se transformar no oposto, ou seja de herói salvador do mundo para o mais brutal dos vilões.

Uma palavra também para a constante evolução de Vin ao longo do livro. É o cliché da heroína típica de um livro de fantasia, o jovem que não tem conhecimentos quase nenhuns mas que se torna no final superior, ao fim de alguns meses de aprendizagem, capaz de fazer aquilo que os outros nem durante muitos anos de prática conseguem. Mas apesar de ser um tipo de personagem recorrente neste tipo de livros, a forma como Vin nos é apresentada, os passos que ela vai dando para continuamente evoluir ao longo do livro, separam-na um pouco do chavão em virtude de algo que normalmente não é tão abordado, a evolução psicológica.
 
Aquilo que menos me agradou foram as batalhas, ou lutas, com a utilização da alomância. Tinham um aspecto demasiado ao estilo Super-Heróis da Marvel, aliás a incursão de Kelsier no início do livro à fortaleza Venture foi a única altura em que vacilei na leitura. Os vôos ao estilo filme de Kung Fu manhoso, a facilidade com que Kelsier despacha os guardas e mesmos alguns alomantes pareceu-me deslocado em termos de qualidade para o resto da obra.
 
Mais à frente vamo-nos habituando, talvez até porque as lutas com os inquisidores ou até alomantes mais poderosos acabam por equilibrar um pouco as coisas. De qualquer das formas, ao meu gosto, preferia que a inclusão destes poderes fosse um pouco mais terra-a terra.
 
Mas no fim tudo se resume à narrativa, e a forma como a história nos é contada é extremamente apelativa. O ritmo é rápido e constante, não há tempo para descrições pormenorizadas e tudo o que queremos saber vamos descobrindo ao longo do livro. Pois é com o passar das páginas que o autor vai desvendando os pequenos segredos, as características das personagens e as razões da sua maneira de ser.
 
Descansem os leitores que apesar de esta ser uma trilogia, este livro tem um fim. É verdade que há mais neste mundo do que aquilo que nos foi contado, mas a parte da história que o autor se propôs a contar termina, é um livro com princípio meio e fim, mas novos mistérios se apresentam perante nós e assim que venha o próximo livro rapidamente.

Nota (escala 1 a 10): 7,5
TheKhan

sábado, 5 de julho de 2014

A Traição de Steve Warson

















Título Original: La Trahison de Steve Warson
Autor: Jean Graton
Editora: Asa/Público
Páginas: 64

Colecção: Michel Vaillant nº6
ISBN: 9789892326009
 
Sinopse:
Apesar do episódio Bob Cramer, Michel Vaillant consegue vencer as 24 Horas de Le Mans. Após a corrida, durante o briefing dos pilotos com o Sr. Vaillant pai, este faz questão de sublinhar que aquela vitória irá abrir caminho para a penetração da marca no mercado americano. E, para apoiar essa ofensiva comercial, anuncia que a Vaillante irá participar em algumas das provas do calendário automobilístico dos E.U.A.
Steve Warson, que conhece bem os circuitos e os pilotos americanos, está certo de que a luta será renhida e propõe enviar para os Estados Unidos um pelotão de pilotos pronto para todas as eventualidades…
 
Opinião:
O sexto álbum da série Michel Vaillant começa exactamente onde o livro anterior terminou, ou seja, após linha de chegada das 24h de Le Mans.


Michel e Steve sobreviveram no topo à ofensiva Americana na Europa. Agora é a vez da ofensiva Vaillante nos Estados Unidos, primeiramente para conquistar os circuitos automobilísticos e depois para se afirmar comercialmente no enorme mercado Americano.

Neste sétimo álbum da coleção Asa/Público, não inédito em Portugal graças a uma edição da Editorial Íbis de 1970, vamos encontrar como protagonista do início do livro Joseph, o volátil mecânico da Vaillante, que é convencido a viajar para a América em busca de rabanetes do tamanho de um punho. Joseph terá também oportunidade de usufruir e expressar as suas apetências para cowboy.

Joseph Rénier é um personagem engraçado dos primeiros álbuns da coleção Michel Vaillant, uma presença bem notada quando o mecânico individual tinha uma importância relevante, mas com a substituição desse elemento pelas equipas de mecânicos, vai desaparecendo. A reforma aparece e Joseph deixa a "ferrugem" para se tornar no motorista de Elisabeth, a mãe Vaillant. Viria mais tarde a reaparecer nas boxes, em jeito de motivador, no álbum Série Negra, quando Michel mais precisou.

O título deste livro deveria ser "A Primeira Traição de Steve Warson". É notório a recorrência de assuntos por parte de Graton ao longo dos 70 livros que produziu. Steve é o melhor amigo de Michel, mas ao longo da série vira a casaca algumas vezes. Este assunto será "repetido", por diferentes razões é certo, nos álbuns "A Derrota de Steve Warson", "Une Histoire de Fous" e "A Prova".

Após o início centrado na viagem para América e sua adaptação por parte dos nosso heróis, a segunda parte do álbum aborda finalmente as provas automobilísticas. Como aperitivo temos uma corrida no circuito de Fort Worth mas é então que nos é apresentado o cenário perfeito, a reedição da famosa Carrera Panamericana, um prova que se correu entre 1950 e 1954, considerada a prova mais perigosa do mundo à época.

É o ambiente ideal para se desenrolar o drama da traição de Steve. Bob Cramer está também de volta e uma vez mais preocupado em anular os Vaillante do que a obter sucesso pessoal.

É uma obra sólida, interessante, no topo das primeiras obras. Um bom equilíbrio entre as corridas de automóveis e uma história de espionagem. O desenho também está mais consistente e Michel já parece mais claro e característico.

Nota (escala 1 a 10): 7,5
TheKhan

quarta-feira, 2 de julho de 2014

O Tintureiro Francês


















Editora: Saída de Emergência
Coleção: A História de Portugal em Romances
ISBN: 9789897100925
Nº de Páginas: 384

Sinopse: 
Uma história de amor e ambição no Portugal governado pela mão de ferro do Marquês de Pombal

Nos finais do séc. XVIII, o Marquês de Pombal viu-se a braços com um fracasso na sua política de regeneração industrial: a Real Fábrica de Panos, a menina dos seus olhos, apesar de todos os esforços e despesas não consegue produzir tecidos com a qualidade dos importados. Decide então convidar um tintureiro francês para vir a Portugal ensinar essa grande arte que, à época, fazia a riqueza e o prestígio das nações europeias.

O artista eleito foi o polémico Stéphane Larcher, que mal chega começa a revolucionar práticas e comportamentos. Um ano depois, cores nunca vistas vêm à luz e tecidos até então desconhecidos brilham em todo o seu esplendor. Ao partilhar a sua arte secreta com os portugueses, Stéphane sabia estar a arriscar a vida, a reputação e a fortuna. Mas ninguém o avisou que também comprometia fatalmente o próprio coração.

Opinião:

O Tintureiro Francês retrata a época pós-terramoto no século XVIII e fala-nos da necessidade de industrializar Portugal. O Marquês de Pombal decide então contratar a qualquer preço, um perito francês em tinturaria para ensinar a sua arte e fazer da Real Fábrica de Panos, uma fábrica ao mesmo nível das outras no estrangeiro. Resolve então contratar Stéphane Larcher, que vê nesta oportunidade, uma hipótese de fuga do seu país. José Magalhães, pessoa encarregue pelo Marquês para tratar deste assunto, vê-se a braços com o problema de retirar Stéphane de França. Ajudado por amigos, inicia uma viagem para retirar o francês do país, sem que as autoridades francesas se apercebam.

Tudo indicava que este livro com romance e aventura à mistura, baseado na história de Portugal, seria interessante. Pois. Não, para mim não foi. Começou muito bem. Achei interessante a descrição da época e da sociedade do século XVIII, de como foi recontruir Lisboa a seguir ao terramoto. Achei curioso ler algumas descrições de locais por onde passo hoje quando vou trabalhar e pensar que alguns dos edifícios são dessa altura. Mas não gostei de mais nada.

O autor faz uma boa descrição da época. Nota-se que Paulo Larcher fez uma grande pesquisa sobre todos os temas mencionados no livro. O problema é que as descrições tornam-se muito extensas e cansativas. As descrições vão desde como se navega um navio a explicações de física, e, finalmente, aos segredos das cores. Isto tudo pode ser interessante, mas chegamos a um ponto, que queremos é que o autor avance com a história.

Paulo Larcher tem uma escrita bastante elaborada. A história em si, não me cativou. De romance tem muito pouco. O amor entre Stéphane e Teresa não convence ninguém. A viagem pela Europa para libertar Stéphane também não é convincente. Saltámos de cena para cena. Não me consegui envolver nem sentir nada sobre os personagens, o que é uma pena. Quando leio um livro gosto de ficar envolvida na leitura e partilhar os sentimentos das personagens. Infelizmente, aqui não consegui.

As personagens não me cativaram. Temos muitas personagens mas nenhuma marcante. A história é narrada por vários personagens, dependendo da altura da história, e temos assim várias perspectivas sobre os acontecimentos, o que não acrescenta mais valias ao desenvolvimento do enredo.

No entanto, achei interessante verificar as semelhanças na mentalidade portuguesa da época e a mentalidade do presente. Na necessidade que havia de acreditar que o que produzíamos antigamente, era tão bom ou melhor do que se fazia noutros países. Acontece o mesmo no presente.

Começei a ler este livro com alguma expectativa. Já li livros sobre alguns episódios históricos de um país e gostei bastante. Tenho pena, mas não posso dizer o mesmo deste.

Nota (escala de 1 a 10): 4,5

IrishGirl