terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A Oeste Nada de Novo

Autor: Erich Maria Remarque
Editora: Edições Saída de Emergência
Páginas: 183
ISBN: 9-789896-373542

Sinopse:
Nas trincheiras, os rapazes começam a tombar em combate um a um...
Em 1914, um professor chauvinista leva uma turma de estudantes alemães - jovens e idealistas - a alistar-se para a «guerra gloriosa». Todos se alistam, movidos pelo ardor e pelo patriotismo próprios da juventude. Porém, o seu desencanto começa durante a recruta brutal. Mais tarde, ao embarcarem no comboio de campanha que os levará à frente de combate, vêem com os próprios olhos as feridas terríveis sofridas na linha da frente... É o seu primeiro vislumbre da realidade da guerra.
 
Opinião:
A Oeste Nada de Novo, é um dos livros mais brutais e depressivos que já tive oportunidade de ler, mas é ao mesmo tempo uma leitura fantástica, que nos leva à reflexão e que faz parte daquele conjunto de obras que, um dia mais tarde, tirarei da estante para voltar a ler.
 
A obra narra a Primeira Guerra Mundial aos olhos de Paul Bäumer, um soldado alemão de 19 anos. Remarque, ele próprio um combatente nessa guerra, foi perseguido pelo Regime Nazi e viu as suas obras banidas e publicamente queimadas, sendo o livro aqui analisado considerado um acto de traição contra os soldados alemães que combateram na frente.
 
O livro não transmite nada ao nível de estratégia militar, movimentações políticas ou pretende evocar qualquer acontecimento histórico em particular. O livro é simplesmente sobre o lado humano da guerra.
 
Com uma escrita directa e alucinante, Remarque descreve-nos todos medos, horrores e dúvidas por que passam os combatentes. A total perda de inocência, as mazelas físicas e psicológicas sofridas por todos os que estiveram na frente de batalha, aqui caracterizadas pelas duas dezenas de alunos de uma turma que um professor chauvinista incitou a alistarem-se.
 
Não se fala sobre actos heróicos, mas sim de sobrevivência, o matar para não ser morto, entre homens que não desejam ali estar. Homens que noutra circunstância poderiam estar a partilhar uma bebida num bar mas que se matam sem piedade, em obediência a governantes que pacatamente organizam as suas operações longe das trincheiras, dos obuses e das granadas.
 
O livro, pelas palavras de Remarque descreve uma geração destruída, desde os que perderam a vida aos que sobreviveram aos bombardeamentos. Para os sobreviventes, a brutal perda de inocência, provocada pelos acontecimentos da guerra, torna a sua condição uma muito ténue consolação ao não fazerem parte da lista dos mortos. Fisicamente poderão estar vivos mas a sua identidade ficou esmagada algures num campo de batalha, os sonhos foram destruídos e o passado que não poderá ser o futuro, não passa de um pesadelo daquilo que poderia ter sido mas nunca o será, porque o rapaz que se alistou não é o homem que sai da guerra. O leitor colocando-se na pele de Bäumer questiona-se sobre qual destes destinos será preferível.
 
A escrita de Remarque, prende de tal maneira que quase conseguimos visualizar o desenrolar da acção pelos olhos do narrador. Cada acto, cada movimento, cada decisão leva-nos a  reflectir no que faríamos se fossemos nós naquela condição.
 
É preciso estômago para se conseguir ler esta obra, mas para quem o tem, é um livro obrigatório, o qual recomendo vivamente e não consigo apontar qualquer aspecto negativo.
 
Nota (escala 1 a 10): 8
TheKhan


2 comentários:

  1. O livro A OESTE NADA DE NOVO de Erich Maria Remarque foi dos primeiros livros de guerra que li. É um livro excelente de guerra. Não vale a pena resumir o livro porque está muito bem resumido no blog. Gostei muito da escrita do EMR, é um livro muito fácil de ler e o que mais me fascinou foi a maneira como a natureza humana é retratada e a violência do conflito que trás o melhor e pior das pessoas. Quem lê este livro devia ler, obrigatoriamente, um livro escrito pelo mesmo autor, que é "Tempo para amar, tempo para morrer". Na minha opinião, não é de todo inferior mas muito diferente. Li-o quando era mais velho e por isso talvez até goste mais. O pano de fundo é a 2ª guerra mundial e tem no meio uma história de amor vivida no confuso tempo em que a Alemanha já está a recuar. EMR é excelente em todos os aspetos. Quando o livro acaba, é daqueles livros que temos mesmo pena de ter acabado.

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    1. Fica registado o "Tempo para amar, tempo para morrer". Pelo que vi, para já a única edição que existe em Português é de 1977 da Europa-America. Está aparentemente esgotado deverá ser algo difícil de encontrar. Pode ser que a Saída de Emergência que já editou o "O Oeste Nada de Novo" faça nova edição.
      Para este ano e deste autor fica para ler o "Uma Noite em Lisboa" já adquirido na Feira do Livro.

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