quarta-feira, 7 de outubro de 2015

O Caderno de Maya




















Autor: Isabel Allende
Editora: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-04384-9
Nº de Páginas: 360

Sinopse:
Um passado que a perseguia. Um futuro ainda por construir. E um caderno para escrever toda uma vida.

"Sou Maya Vidal, dezanove anos, sexo feminino, solteira, sem namorado por falta de oportunidade e não por esquisitice, nascida em Berkeley, Califórnia, com passaporte americano, temporariamente refugiada numa ilha no sul do mundo. Chamaram-me Maya porque a minha Nini adora a Índia e não ocorreu outro nome aos meus pais, embora tenham tido nove meses para pensar no assunto. Em hindi, Maya significa feitiço, ilusão, sonho, o que não tem nada a ver com o meu carácter. Átila teria sido mais apropriado, pois onde ponho o pé a erva não volta a crescer."

Opinião:

Em O Caderno de Maya, Isabel Allende conta-nos a história de uma jovem, Maya Vidal, que através do seu diário, escreve sobre a sua adolescência. O diário é escrito pela protagonista, em Chiloé, uma ilhota chilena onde se refugia para fugir ao passado que a persegue. Através do seu diário, Maya relata-nos diariamente a sua vida na ilha, um mundo muito diferente do seu, descreve a sua convivência com as pessoas que conhece na ilha, mas também recorda o que se passou com ela, e com a sua família nos EUA.

Maya é neta de uma chilena que fugiu com o seu filho para os EUA, na altura da ditadura no Chile. É criada pelos avós, com muito mimo e tem uma vida bastante estável emocionalmente até que o seu avô morre no período da sua adolescência. Não sabendo lidar com a dor, Maya torna-se numa jovem rebelde, junta-se às pessoas erradas, passa por tribulações horríveis, e envolve-se na droga, da prostituição e do crime, do qual não consegue sair.

Isabel Allende emprega um bom ritmo à história intercalando as realidades diferentes da vida de Maya, sempre que esta muda de assunto no seu diário, fazendo-nos ficar agarrados e ansiosos por ler mais e saber o que aconteceu.

Como é habitual nos seus livros, sejam históricos ou actuais, a autora escreve maravilhosamente bem, descrevendo paisagens, situações e sentimentos, que nos envolvem de tal maneira que parece que estamos dentro da história. As personagens, maioritariamente femininas, são sempre fortes, apaixonadas e muito determinadas.

Pelo que li na sinopse, não esperava uma história que, em certas alturas me fez lembrar um livro que li há muito tempo: Os Filhos da Droga de Christiane F. que retrata o mundo da droga.

O Caderno de Maya é um livro que retrata a sociedade actual, mostra as dificuldades e os problemas dos adolescentes em se afirmarem, e crescerem num mundo com acesso a tudo o que é de bom, mas também o que é de mau. Faz-nos também reflectir na importância da influência da família na vida dos jovens. Ao mesmo tempo, fala-nos um pouco da história do Chile, o seu país, da sua cultura, e da ditatura de Pinochet, e como este regime marcou o povo chileno.

Isabel Allende escreve maravilhosamente com muita emoção, envolvendo-nos e agarrando-nos até à última página. Adorei e recomendo.


Nota (escala de 1 a 10): 8,5
IrishGirl

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