sábado, 18 de janeiro de 2014

Cartas da Terra


















Autor: Mark Twain
Editora: Bertrand
Páginas: 156
ISBN: 9789722518406


Opinião:
Desiludido, muito desiludido...

A expectativa era imensa. Depois de ler os "Excertos do diário de Adão e Eva", que adorei, esperava algo do género.

Este livro é um conjunto de textos que só foram compilados e publicados após a morte de Twain.
A sensação que se tem ao lê-los, é que não passam de ideias, de desabafos que se encontravam dentro de uma gaveta. Textos perdidos não fazem um livro, não passam de peças soltas sem verdadeiro encadeamento, sem princípio, meio e fim.
Para mim o "Cartas da Terra" divide-se em três partes. A primeira são cartas do arcanjo Lúcifer, ou Satanás enviadas aos arcanjos Miguel e Gabriel sobre o ser humano, as suas religiões e a Bíblia. Nesta primeira parte, passagens como a Criação, o Dilúvio ou a perseguição aos Midianitas, são analisadas por aquele que parece não ser mais do que o alter ego de Mark Twain.
Não sei ao certo quando estes textos foram escritos, mas demonstram um autor possivelmente nos seus últimos anos de vida, desiludido com os seres humanos e a religião. Quase aposto que terão sido escritos durante a fase de depressão após o falecimento de uma das suas filhas em 1896.
Na segunda parte, encontramos documentos da família Adão, com textos dos cientistas Adão e Eva, do jovem Matusalém e de mais uns quantos personagens perfeitamente desinteressantes que quase me fizeram devolver o livro à estante.
Mas felizmente que me aguentei até ao fim, porque o texto final era o que eu procurava neste livro quando o comprei. É o brilhantismo de Twain em todo o seu esplendor. A "Carta à Terra" é a resposta do Gabinete do Anjo Registador do Departamento de Petições, às preces do carvoeiro Abner Scofield. É a resposta a um homem rico, sem escrúpulos, às suas preces feitas na igreja e as suas preces feitas no seu dia-a-dia. O conflito entre aquilo que as pessoas dizem na igreja e o que dizem fora dela. Todas as preces são analisadas existindo entre elas conflitos hilariantes.
O texto final vale pelo livro todo, são 8 páginas brilhantes em 156, mas avaliação final é para o livro completo.
Nota (escala 1 a 10): 5
TheKhan

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