segunda-feira, 8 de julho de 2013

Cordeiro


Subtítulo: O Evangelho segundo Biff o amigo de infância de Jesus Cristo
Autor: Christopher Moore
Editora: Gailivro
Páginas: 481
ISBN: 9789895577019
 
Sinopse:
Centenas de milhares de pessoas em todo o mundo leram - e releram - a história irreverente, iconoclasta e divinamente divertida da infância de Jesus Cristo, segundo o testemunho do seu amigo de infância, Levi bar Alphaeus (também conhecido por Biff). Agora, também tu poderás descobrir o que realmente aconteceu entre a manjedoura e o Sermão do Monte. Numa nova nota final, expressamente concebida para esta edição, Christopher Moore responde às questões mais colocadas pelos leitores acerca do livro e de si, desde a primeira publicação de Cordeiro. Fresco, divertido, pungente e sábio, Cordeiro tem sido alvo de regozijo para os leitores de todo o mundo.
 
Opinião:
Há assuntos que são mais sensíveis do que outros. Lembram-se certamente da indignação e acesa contestação que a "Última Ceia" do Herman José gerou no programa "Parabéns".
A religião e a fé de cada um, é certamente um dos assuntos mais polémicos quando associados a comédia.
          
Cordeiro, é isso mesmo, é um livro de ficção especulativa, que conta uma interpretação em estilo humorista da vida de Jesus Cristo, desde a sua infância ao Monte Gólgota.
 
É certamente um livro a evitar para seguidores do Cristianismo mais fanáticos ou com pouco sentido de humor no que toca à religião. Mas devo referir que o livro não me parece ofensivo e assim, qualquer pessoa com alguma abertura será capaz de o ler e tirar algum divertimento do mesmo.
 
Esta obra é narrada por Biff, o melhor amigo de Jesua (Jesus Cristo), que foi ressuscitado pelos anjos para contar a estória dos anos em falta nos Evangelhos do Novo Testamento.
 
A narração da vida de Jesua começa de forma brilhante. Numa das cenas mais hilariantes de todo o livro, Biff e Jesua têm 6 anos, e esta cena envolve o irmão mais novo de Jesua, uma pedra, um lagarto e um processo repetitivo. Mais não digo, porque merece ser lida.
 
A amizade de Biff e Jesua vai-se estabelecendo, tornando os dois inseparáveis. A fase inicial do livro, parte I, conta a infância enquanto viviam ainda no seio familiar e está bastante bem conseguida. A paixão de Biff por Maria mãe de Jesua, o aparecimento da amiga de infância Madá (Maria Madalena), as primeiras tentativas de ressurreição, as purificações do primo João Baptista, dão um bom ritmo e interesse à prosa.
 
O problema para mim vem na fase intermédia da obra, parte II, III e IV. Nesta, Biff conta a jornada que Jesua empreendeu em busca dos reis magos e da sua sabedoria. Por esta altura comecei a quebrar o ritmo e perdi muito do interesse na obra.
É uma parte do livro extremamente pateta, para lá de surreal, sem qualquer fundamento histórico, e deslocada do resto do livro. O problema é que se arrasta por 200 páginas. Demónios, concubinas, monges budistas, kung fu e o yeti? Donde é que isto saiu? Adiante...
 
Felizmente não desisti porque o final do livro, parte V e VI, volta ao nível do início. É no cruzamento dos acontecimentos descritos no evangelho de Biff com os Evangelhos do Novo Testamento que o livro ganha força novamente. A descrição do baptismo de Jesua, o seu ministério, os milagres e as parábolas, dão origem a momentos verdadeiramente hilariantes, dos quais destaco a preparação do Sermão da Montanha, a cura dos dois cegos da Galileia e o caminhar sobre as águas.
É nesta fase que o livro se torna uma chatice para as pessoas que nos acompanham, porque quando o estamos a ler, temos constantemente vontade de lhes ler algumas das passagens, interrompendo-os constantemente no que estão a fazer.
 
O que mais me surpreendeu foi a descrição dos últimos dias de Jesus Cristo. Por esta altura  apercebemo-nos de todo o cuidado e respeito com que Moore trata as suas personagens.
O final do livro é assim extremamente cuidadoso, deixando a comédia um pouco de lado, aligeirando a narração e acabando por pecar na rapidez com que termina. Preferia sinceramente que o autor tivesse retirado 50 páginas ao período dos reis magos e aprofundado melhor esta parte.
 
A nota que vou dar a este livro prende-se pela divisão que falei anteriormente. Considero que as partes I, V e VI do livro, apesar de não serem uma obra prima, são muito interessantes e divertidas, para as quais daria facilmente um 7. As partes restantes são tão patetas que não merecem mais do que um 3. 

Nota (escala 1 a 10): 5
TheKhan




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