quarta-feira, 24 de abril de 2013

O Rapaz de Olhos Azuis


















Autor: Joanne Harris
Editora: Edições Asa
Nº de páginas: 432
ISBN: 9789892310008

Sinopse:
"Ele conhece-a há uma eternidade e, contudo, ela nunca o viu. É como se fosse invisível para a mulher que ama. Mas ele vê-a a ela: o cabelo; a boca; o rosto pequeno e pálido; o casaco vermelho-vivo na neblina matinal, como algo saído de um conto de fadas. Até agora, ele nunca se apaixonou. Assusta-o um pouco: a intensidade dessa emoção, a maneira como o rosto dela se intromete nos seus pensamentos, a maneira como os seus dedos traçam o nome dela, a maneira como tudo, de algum modo, conspira para que ela nunca lhe saia da cabeça... Ela não sabe de nada, claro. Tem um ar muito inocente, com o seu casaco vermelho e o seu cesto. Mas por vezes os maus não se vestem de preto e por vezes uma menina perdida na floresta é bem capaz de fazer frente ao lobo mau..."

Opinião:
Quando comecei a ler O Rapaz de Olhos Azuis, já estava avisada que este não era como os outros livros da autora, ou seja, não era como o Chocolate e Sapatos de Rebuçado, que são livros deliciosos. No entanto, como Joanne Harris escreve muitíssimo bem, resolvi comprar e ler.

Este livro conta a história de uma família mono parental, de uma mãe rígida e exigente, com três filhos. Estes três rapazes foram desde muito cedo, influenciados pelas cores. Cada um deles tinha uma e vestiam-se sempre dessa cor. Foi a forma que a mãe achou para simplificar a distribuição de roupa pelos filhos. O mais velho vestia preto, o filho do meio, o castanho, e o mais novo vestia azul. E é o filho mais novo, que tinha olhos azuis, que vai ser o Rapaz de Olhos Azuis.
A história é narrada através de publicações num Webjournal, onde B.B., Blueeyedboy conta a sua história desde criança até adulto. Ele criou uma comunidade online, onde publica textos, tipo entradas de blogues, com acesso restrito ou público, com comentários de outras personagens no fim. Ao contrário do que possam imaginar, não é nada difícil ler um livro neste formato.
Blueeyedboy publica histórias bastante inquietantes sobre homicídios que planeia executar. Será que ele é um assassino? Será que ele faz exactamente o que escreve? É uma pergunta que fazemos desde o início. No entanto, conforme vamos avançando no livro, começamos a conhecer melhor o personagem, a vida que ele leva com os irmãos e com a mãe, e compreendemos certas atitudes. Não há dúvida que o ambiente familiar conta muito para a formação das pessoas.

E, depois há a vertente da internet. A autora mostra como é fácil as pessoas serem outras, criam e escondem-se atrás de perfis. Existe uma liberdade na ciberespaço que pode ser perigosa e/ou enganadora e falsa.

B.B. é também um sinestésico. A Sinestesia é a relação de planos sensoriais diferentes, ou seja, é a capacidade de associar diferentes sentidos. Por exemplo, associar o gosto com o cheiro ou a visão com o tacto. Joanne Harris utiliza estas figuras da linguagem, para sentirmos, através de certas descrições, o que as personagens sentem.

Neste livro, não consegui sentir nenhuma simpatia nem me identificar com nenhum dos personagens. Não me cativaram. Talvez por ser uma história estranha e diferente.
Relativamente à acção, não podemos dizer que é parado. Os acontecimentos, numa certa altura, andam à volta do mesmo, mas compreendo que serve para conhecermos melhor as personagens e não é cansativo. A autora consegue nos surpreender com uma reviravolta inesperada, e aguçar a nossa curiosidade.

Resumidamente, é um thriller compulsivo, muito "Dark", surpreendente e assustador. Joanne Harris conseguiu, na minha opinião, escrever um livro diferente daquilo que nos habituou, não sendo por esse motivo, um livro mau e horrível. Não. Posso dizer que gostei de o ler. Gostei de ler algo diferente e que não estava à espera. Se acham que a história é estranha, porque é, acreditem que vale a pena ler pela qualidade da escrita da autora.

Nota (escala 1 a 10): 7
IrishGirl


Opinião:
Joanne Harris é uma autora que considero ser mais virada para o público feminino, por isso não faz parte dos autores que sigo. No entanto, por indicação da minha companheira de blog, fui sugestionado a avançar para a leitura deste livro.

E em boa hora o fui. Gosto de obras diferentes, fora do comum e este livro é estranho o suficiente e bastante imprevisível.

Com uma narrativa que se revela página após página extremamente perturbadora, acompanhamos os relatos, de blueeyedboy e albertine nos seus webjournals, sejam públicos ou restritos.
O ambiente é negro e depressivo. As personagens não nos criam qualquer empatia, apenas desprezo alguma repulsa.

Mas é aí que este livro é diferente. É a prova que não necessitamos de ser apaparicados com personagens agradáveis, momentos de felicidade e cenários iluminados para que uma obra nos agrade.

E o que é que me agradou neste livro? A frieza com que a história se desenrola. A brutalidade psicológica dos relatos da personagem principal. A constante dúvida se o que estamos a ler é real ou pura ficção dentro da ficção. E claro, a capacidade da autora nos surpreender com reviravoltas na história. Reviravoltas essas que tornam o ambiente do livro ainda mais negro e perturbador.

Na verdade, dei por mim nos dias em que li este livro a aproveitar os minutos que tinha livre para lhe pegar. Até porque de uma forma geral os capítulos são bastante curtos e qualquer pequeno período de tempo nos permite avançar na história.

Para quem procura um "Chocolate", opte por outro livro da autora. Mas para quem procura um livro diferente e estiver aberto a uma nova experiência de leitura, esta obra merece bem a pena que lhe seja dada uma oportunidade.

Nota (escala 1 a 10): 7
TheKhan

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